Coimbra: “É necessária mobilização para exigir controlo de rendas já!”

12 de setembro 2023 - 16:29

Mariana Rodrigues, do movimento Porta Adentro, explica de que forma a crise habitacional se faz sentir em Coimbra e e apela à mobilização para a manifestação de 30 de setembro, às 15h na Praça 8 de Maio.

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Mariana Rodrigues na Manifestação Casa para Viver, em Coimbra, a 1 de abril de 2023. Foto publicada na página de Facebook do movimento Casa Adentro.

Em declarações ao Esquerda.net, Mariana Rodrigues referiu que, em Coimbra, a manifestação de 30 de setembro está a ser organizada pelo movimento Porta Adentro, que surgiu em abril, “na altura para discutir algumas questões específicas da própria cidade”.

“Como Coimbra é uma cidade eminentemente estudantil, apesar de não ser uma grande metrópole, vive uma crise habitacional já há muito tempo. Os preços das rendas, em particular, são inflacionados em cada ano letivo. Só entre 2022 e 2023, os preços das rendas subiram 20% e a oferta diminui 30%”, assinalou a ativista.

De acordo com Mariana Rodrigues, “neste momento, não há quartos para arrendar que estejam abaixo dos 300 euros. Um estudante da Universidade e do Politécnico em Coimbra gasta 600 euros extra propina para conseguir manter-se durante um mês na cidade. E a maior parte deste custo diz respeito à habitação”.

“Em Coimbra não somos uma grande metrópole mas temos um centro histórico que está a ficar desertificado, e não conseguimos pagar um quarto ou suportar um crédito à habitação”, acrescentou.

A ativista do movimento Porta Adentro lembrou que a Universidade de Coimbra conta com 25 mil estudantes e apenas 1.300 camas disponíveis. Ainda que tenham sido prometidas residências há vários anos, “só 5% dos estudantes, efetivamente, conseguem ter acesso a um quarto”, lamentou.

“Cabe às Repúblicas, que albergam 200 estudantes em habitação comunitária, serem o baluarte da habitação acessível na cidade”, apontou Mariana Rodrigues.

Mas a crise habitacional não se restringe aos estudantes, estando a ter consequências dramáticas para jovens trabalhadores e idosos, que estão a ser afastados do centro, “com promessas de construção de novos bairros megalómanos fora da cidade”.

As iniciativas pelo direito à Habitação estão a contar com grande adesão. As reuniões abertas realizadas em março e abril, juntaram “não só estudantes, mas também jovens trabalhadores e ativistas climáticos, preocupados com o desenho da própria cidade”, assinalou a ativista.

“E cada vez mais pessoas têm procurado participar no processo de construção de um movimento pela habitação em Coimbra”, continuou.

Mariana Rodrigues foi perentória ao vincar que o Pacote Mais Habitação “não tem efeitos práticos na vida das pessoas” e “não resolve os seus problemas”.

Neste contexto, a ativista considera que “uma manifestação em Coimbra é essencial por causa das características da cidade em si” e que a mobilização neste momento é essencial para, nomeadamente, “exigir um controlo de rendas já!”.

Problema da habitação exige soluções urgentes”

Na convocatória da concentração em Coimbra do dia 30 de setembro, o Porta Adentro enfatiza que “o problema da habitação é um problema nacional que exige soluções urgentes”.

“O aumento exponencial do custo de vida, aliado a um salário que não permite pagar a renda, quanto mais pagar uma casa, faz de Coimbra uma cidade incapaz de se reinventar”, escreve o movimento.

O Porta Adentro lembra que a habitação digna, em condições de higiene e salubridade, é um direito constitucionalmente consagrado que não pode estar refém da maximização do lucro, especialmente dos bancos e fundos imobiliários, motivada por um capitalismo voraz que não se preocupa com as pessoas e o planeta”.

O coletivo deixa, por isso, um apelo: “dia 30, às 15h, na Praça 8 de Maio em Coimbra, junta-te à Manifestação Nacional Casa para Viver, pelo direito à habitação”.

 

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