China: amplia-se a onda de protestos

26 de outubro 2010 - 16:00

Juventude estudantil ignora os apelos do governo e volta a manifestar-se contra a ocupação japonesa das ilhas Diaoyu. Por Tomi Mori, de Tóquio, para o Esquerda.net

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Os cartazes dizem: "Japão fora das ilhas Diaoyu"

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Apesar da linha dura tomada pela burocracia do Partido Comunista Chinês contra as recentes manifestações anti-nipónicas, a onda de protestos continua e fortalece-se.

Os protestos são contra a ocupação, pelo Japão, das ilhas Diaoyu, que os chineses consideram suas. Os japoneses alegam que fazem parte do seu território e chamam-nas de Senkaku.

Apesar dos governos do Japão e da China tentarem jogar água fria na actual tensão existente nas relações entre os dois países, parece que não conseguem encontrar um remédio para as dores de cabeça que as massas chinesas lhes tem infligido-

Este último fim-de-semana foi marcado por uma nova onda de protestos. Apesar de a burocracia chinesa ter aconselhado a juventude estudantil a não sair das escolas, a rapaziada parece não estar disposta a calar-se. Foram marcados via Internet vários protestos, mas alguns deles não foram viáveis devido a forte operação policial montada. Mesmo assim, a juventude saiu às ruas em Changsa, no sul; Baoji e Lanzhou, no oeste e Deyang, no sudoeste.

Na manifestação de Baoji, além das tradicionais palavras-de-ordem pelo boicote dos produtos japoneses, em defesa das ilhas Diaoyu, os manifestantes denunciaram também a corrupção do governo, o alto custo da moradia, reivindicando também um sistema multi-partidário contra o actual sistema de partido único.

Revolução politica?

Nesta terça-feira, cerca de mil manifestantes concentraram-se em Chongqing, no sudoeste do país. A manifestação iniciada pelos estudantes do secundário e das universidades foi engrossada pela população local. Centenas de polícias cercaram os manifestantes para impedir que o movimento se ampliasse. Os manifestantes, mesmo assim, continuaram os protestos por duas horas, queimando, inclusive, a bandeira japonesa.

O que estamos a observar estes dias, provavelmente, é o reinício da revolução política na China. É um movimento popular que, diferente dos movimentos tradicionais, que costumam ocorrer nas principais concentrações urbanas, está a ocorrer em cidades menores, onde o governo tem menos capacidade de repressão. Ao falar de revolução política, não se trata de um processo que vai acontecer da noite para dia, mas de um profundo movimento que pode durar meses ou mesmo anos. Mas, ao analisar estas últimas duas semanas, parece ser disso que se trata. O governo chinês não está a conseguir manter o controlo da situação.