A notícia surgiu na imprensa israelita este sábado, associando o lançamento de tinta vermelha na fachada do restaurante Cantinho do Avillez, acompanhada de mensagens contra a colaboração do chef português num evento patrocinado pelos ministérios do Turismo e Negócios Estrangeiros de Israel, com os promotores da campanha Boicote, Desinvestimento e Sanções, que lhe tinham lançado um apelo para cancelar a participação no Round Tables Tour em Telavive.
Algumas associações subscritoras do apelo manifestaram o seu desconhecimento das pinturas efetuadas na madrugada de sábado, o que não impediu Robert Singer, líder do Congresso Mundial Judaico, de acusar os ativistas da campanha BDS de serem “um grupo de vândalos”, e de “espalharem o ódio e não os direitos humanos”.
Em comunicado publicado no Indymedia Portugal, reclamando a autoria da “ação direta” na fachada do restaurante, os autores referem-se à iniciativa das associações como uma “ação indireta alimentada por cartas educadas a apelar para que Avillez não participasse – cartas divulgadas na imprensa dos monopólios ou em redes restritas".
Em seguida, explicam as suas motivações, recorrendo ao aforismo de Brillat-Savarin na sua “Filosofia do Gosto": «O vermelho que escorre no vidro é o sangue que Avillez avilta com a sua colaboração culinária. Porque "o destino das nações depende da forma como elas se alimentam". A cola que veda a fechadura é a fome provocada que Avillez quer gourmet. Porque "o destino das nações depende da forma como elas se alimentam". As ementas recheadas de realidade são a face visível de que "o destino das nações depende da forma como elas se alimentam”».
Entre as mensagens contra a ocupação da Palestina coladas à porta do restaurante podiam ler-se sugestões de ementa como “Entrada: uma dose de fósforo branco”, material usado nos massacres contra a população palestiniana na Faixa de Gaza, em que as fotos de crianças queimadas vivas chocaram o mundo.
Em declarações à Antena 1, o chef José Avillez optou este domingo por desvalorizar a polémica sobre a sua participação no evento em Telavive e o protesto de que foi alvo: “Nestes últimos meses tenho estado em muitas viagens e recebemos de facto alguns emails. Sou cozinheiro, nunca me envolvi em políticas, sobretudo fora do meu país. Vim cozinhar e sempre me distanciei de tudo o resto”, afirmou.