Chairman da Altice Portugal foi alvo de buscas e suspende funções

17 de julho 2023 - 11:55

À espera de ser constituído arguido no processo sobre negócios fraudulentos da empresa, Alexandre Fonseca abandona também as funções executivas internacionais no grupo Altice.

PARTILHAR
Alexandre Fonseca liderou a Altice Portugal. Foto António José/Lusa

Alexandre Fonseca, o co-CEO da Altice, suspendeu as suas funções executivas no grupo e os cargos de chairman em algumas filiais da Altice. Em comunicado, a Altice justifica a decisão com a investigação em curso em que "são indiciados atos a investigar ocorridos no período em que este exerceu as funções executivas de presidente da Altice Portugal", cargo que só deixou em abril no ano passado, passando a chairman da Altice Portugal e assumindo funções executivas no grupo internacional. A Altice anunciou também a abertura de um inquérito interno relacionado com os processos de compras da empresa e dos seus negócios imobiliários há vários anos sob suspeita.

Alexandre Fonseca também foi alvo de buscas e o portal Eco avança que uma fonte judicial considera que "seguramente" será constituído arguido no processo por suspeitas de recebimento indevido relativo a serviços fictícios prestados às empresas de Armando Pereira, o acionista e co-fundador da Altice detido na operação policial de quinta-feira.

Segundo o Jornal de Notícias, a investigação suspeita que Armando Pereira e o seu braço direito, Hernâni Vaz Antunes, se aproveitavam de negócios da Altice para ficarem com uma parte dos proveitos e ocultá-las do fisco. Um esquema que passava pela criação de dezenas de empresas para fazer circular centenas de milhões de euros pelas suas contas bancárias e a criação de fundos no Luxemburgo, República Dominicana e Suíça. O Ministério Público acredita que os suspeitos terão igualmente usado a zona franca da Madeira para aí domiciliarem de forma fictícia empresas e pessoas, aproveitando a taxação reduzida em sede de IRC e assim lesando os contribuintes.

Os negócios sob suspeita seriam as transações com o imobiliário da antiga Portugal Telecom, mas também os lucros obtidos com a contratação de empresas controladas por figuras da órbita dos suspeitos para fornecerem serviços à Altice, lesando o próprio grupo e o Estado, neste caso numa verba superior a 100 milhões de euros.

O JN acrescenta que a investigação terá tido origem em informações recolhidas no inquérito sobre os crimes nos negócios de futebol que envolveram Luís Filipe Vieira. O envolvimento da Altice nesse universo, através dos direitos televisivos e do patrocínio a vários clubes, levou a que comunicações entre os suspeitos desse processo e figuras da empresa fossem intercetadas, suscitando suspeitas de fraude.

Além de Armando Pereira, foram detidos na operação policial Álvaro Gil Loureiro, administrador em sociedades ligadas ao braço direito do co-fundador da Altice, Hernâni Vaz Antunes, e a filha deste, Jessica Antunes. Este empresário de Braga que está no centro da investigação entregou-se as autoridades no sábado e deve também começar a ser ouvido esta segunda-feira pelo juiz de instrução.