Milhares de pessoas juntaram-se em Lisboa (ver fotogaleria) e milhares mais por todo o país para exigir “casa para viver” e protestar pelo direito à habitação. Segundo os manifestantes, a crise de habitação agravou-se desde que o Executivo de direito começou a governar o país.
Foram pelo menos 22 cidades que aderiram à manifestação pelo direito à habitação por todo o país. Em causa está o agravamento da crise de habitação com o aumento dos preços das rendas, que no último trimestre subiram sem precedentes.
Em Lisboa, um dos focos de tensão foi com o atual Presidente da Câmara. “Moedas, chegou a tua hora, os imigrantes ficam e tu vais embora” gritavam os manifestantes enquanto desciam a Avenida Almirante Reis. Na cabeça da manifestação iam famílias, imigrantes e pessoas afetadas pela crise da habitação, incluindo os moradores do bairro Penajoia, que está em processo de despejo.
No Porto, a manifestação também juntou milhares de pessoas. Uma das principais preocupações são os despejos. Filomena Alves, de 59 anos, a viver no Porto, contou à Lusa que foi despejada e que “se viu e desejou para conseguir arranjar uma nova habitação”.
Habitação
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Mas apesar das diferentes preocupações com os despejos no Porto ou em Setúbal, ou o aumento da especulação imobiliária em Lisboa, há um apelo público que junta os manifestantes em todo o país. Nele, é criticada a política de direita que governa o país e a convivência dos governantes com os interesses imobiliários. Entre as palavras de ordem da manifestação estiveram “abril exige casa para viver!”, “casas sim, despejos não” e “casas parar morar e não para especular”.
A coordenadora nacional do Bloco de Esquerda, Mariana Mortágua, esteve presente na manifestação em Lisboa, onde criticou também a atual política para a habitação. "Mais uma vez, estamos na rua em nome do direito à habitação, porque transformaram em Portugal a habitação num negócio, num activo financeiro, e hoje temos uma geração inteira, a maior parte da população que não consegue pagar uma casa, arrendar uma casa, comprar uma casa", disse.
É a quarta manifestação a juntar milhares de pessoas por todo o país pelo direito à habitação. A plataforma Casa Para Viver lançou a primeira manifestação em abril de 2023 e voltou a organizar manifestações em setembro desse ano e em janeiro de 2024.
No final da manifestação em Lisboa, os organizadores prometeram voltar à luta e continuar a sair às ruas até que o governo ceder e procurar realmente resolver a crise de habitação. Ficaram também apelos ao arraial antirracista que acontecerá no próximo domingo, dia 29, no Largo do Intendente, e à solidariedade com os imigrantes numa altura em que o discurso xenófobo tem aumentado.