Há três anos a ocupar o cargo de secretário de Estado da troika, Carlos Moedas foi um dos protagonistas nas negociações com os representantes do Fundo Monetário Internacional, Banco Central Europeu e Comissão Europeia.
Em vésperas de completar 44 anos, a 10 de agosto, Carlos Moedas nasceu em Beja e licenciou-se em Engenharia Civil pelo Instituto Superior Técnico em 1993, fez o último ano do curso na École Nationale des Ponts et Chaussées de Paris e trabalhou até 1998 na área de engenharia para o grupo Suez Lyonnaise des Eaux, em França.
No seu percurso profissional, o novo comissário europeu integrou a equipa do banco de investimento Goldman Sachs - na mesma altura em que António Borges trabalhou na instituição -, na área de fusões e aquisições, e foi gestor de projetos para o grupo Suez, em França, entre 1993 e 1998.
Trabalhou no Eurohypo Investment Bank e dirigiu a consultora imobiliária Aguirre Newman quando regressou a Portugal, em agosto de 2004, onde foi administrador delegado até novembro de 2008, altura em que criou a empresa de gestão de investimentos Crimson Investment Management.
Coordenador do setor económico do Gabinete de Estudos do PSD, Carlos Moedas foi cabeça de lista por Beja nas últimas legislativas, tendo sido eleito, passando o PSD a ter um deputado por aquele distrito pela primeira vez desde 1995.
Carlos Moedas fez parte da equipa social-democrata que negociou a aprovação do Orçamento do Estado para 2011, ao lado de Eduardo Catroga.
Bloco acusa Moedas de ser "o homem de mão dos interesses financeiros e económicos"
“Moedas foi descaradamente recompensado pelo trabalho que fez na implementação da austeridade em Portugal. Era o representante, o senhor troika em Portugal”, disse a deputada do Bloco Mariana Mortágua em declarações aos jornalistas na Assembleia da República.
Para a deputada, Carlos Moedas é “o homem de mão dos interesses financeiros e económicos e da elite económica financeira”, tendo esta escolha sido feita pelo presidente da Comissão Europeia, “homem aliado com a austeridade e a direita”.
O nome também terá passado pela chanceler alemã Angela Merkel, “que domina grande parte das instituições europeias” e por pedro Passos Coelho, “aliado com as políticas de austeridade que têm vindo a destruir o país”, acusou.
Para a deputada, a escolha seria sempre “uma continuidade da austeridade”, relembrando que a presença de Carlos Moedas em Bruxelas não trará “nada de bom ou de diferente” para Portugal, já que este irá seguir a política de austeridade que “destruiu o país”.
“Esta escolha reforça um pouco a nossa desilusão em relação à União Europeia. Cada vez temos mais certeza que podemos esperar menos de uma UE que, cada vez mais, caminha na direção destes interesses e se afasta do povo europeu”, sublinhou.