A residência oficial do Primeiro-Ministro está a ser alvo de buscas na manhã desta terça-feira numa investigação relacionada com os negócios do hidrogénio e do lítio em Montalegre. O Público avança que foram detidos quer Vítor Escária, chefe de gabinete de António Costa, quer o consultor próximo de líder do executivo, Diogo Lacerda Machado, quer Nuno Mascarenhas, presidente da Câmara de Sines, quer dois executivos de empresas que não foram especificadas.
De acordo com o diário, para além do gabinete de Vítor Escária naquele edifício, a polícia terá feito buscas também noutro gabinete. Para além disso, o Ministério do Ambiente e da Ação Climática confirmou que também nas suas instalações houve buscas da PSP. O mesmo aconteceu na Câmara Municipal de Sines de maioria do PS.
O jornal anuncia ainda que os ministros Duarte Cordeiro e João Galamba e o ex-ministro João Pedro Matos Fernandes serão constituídos arguidos. Este está a ser investigado por causa do projeto do hidrogénio verde em Sines que se estima que envolva verbas no valor de 1,5 mil milhões de euros. O caso envolve ainda João Galamba, que era seu secretario de Estado do Ambiente e da Energia. Em causa estarão indícios de tráfico de influências e de corrupção, entre outros crimes económico-financeiros, nomeadamente suspeitas de favorecimento do consórcio EDP/Galp/REN.
António Costa investigado em processo autónomo
Em comunicado, o Ministério Público informa que foram efetuadas esta terça-feira 17 buscas domiciliárias, cinco em escritório e domicílio de advogado e 20 buscas não-domiciliárias. "Em causa poderão estar, designadamente, factos suscetíveis de constituir crimes de prevaricação, de corrupção ativa e passiva de titular de cargo político e de tráfico de influência", afirma o MP, delimitando os factos sob investigação às concessões de exploração do lítio nas minas do Romano (Montalegre) e do Barroso (Boticas), no projeto de hidrogénio em Sines e no projeto do data center em Sines.
Da operação resultaram as detenções do chefe de gabinete do primeiro-ministro, do presidente da Câmara de Sines e de dois administradores da sociedade "Start Campus", que desenvolve o projeto do data center de Sines, e de um dos advogados desta sociedade. Foram também constituídos arguidos o ministro João Galamba e Nuno Lacasta, o presidente da Agência Portuguesa do Ambiente.
A investigação visa também António Costa, por ter surgido "o conhecimento da invocação por suspeitos do nome e da autoridade do Primeiro-Ministro e da sua intervenção para desbloquear procedimentos no contexto suprarreferido". As suspeitas serão investigadas no âmbito de inquérito "instaurado no Supremo Tribunal de Justiça, por ser esse o foro competente".
Notícia atualizada às 13h com a informação do comunicado do Ministério Público.