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Braga: “Rendimentos mal chegam para cobrir despesa do quarto”

Vanessa Brandão, do Chão das Lutas, refere que a crise da habitação não se restringe a Lisboa e Porto. Cidades como Braga, e até municípios adjacentes como Famalicão e Guimarães, estão a ser fortemente afetados. Na capital de distrito, a manifestação de 30 de setembro tem início às 15h no Coreto da Avenida.
Vanessa Brandão, do Chão das Lutas, na manifestação Casa para Viver de 1 de abril.

De acordo com Vanessa Brandão, em Braga a situação do acesso à habitação “tem-se agravado constantemente”.

“No ano passado, o valor mínimo dos quartos rondava os 150 ou 200 euros, agora o mínimo já passou para 300 euros. Os próprios T1 estão a 600 euros”, exemplificou a ativista em declarações ao Esquerda.net.

“O que acaba por acontecer com muitos colegas meus, que são estudantes deslocados, ou estudantes imigrantes, é que, como trabalham a part-time, o rendimento mal chega para cobrir a própria despesa do quarto. Quando se aproxima o final do mês, não têm dinheiro para despesas extra, muitas vezes não conseguem comprar os manuais escolares. Por exemplo, os estudantes de Direito precisam obrigatoriamente de códigos, e não têm dinheiro para comprá-los. Então, o que acontece é que os estudantes não têm acesso aos materiais de que precisam para os seus estudos porque são obrigados a fazer face aos encargos da habitação”, pormenorizou Vanessa Brandão.

A representante do Chão das Lutas tem “amigos que sacrificam os estudos para poderem trabalhar mais horas e poderem pagar a casa”.

Mediante o crescimento anual acentuado das rendas, e “sem apoio estrutural do Estado”, os estudantes são particularmente afetados, mas a crise da habitação estende-se a diferentes faixas etárias e “afeta não só a classe baixa, mas também a classe média”, referiu a ativista.

Em Braga, a manifestação de 30 de setembro “está a ser organizada com os mesmos princípios daquela que aconteceu em abril, e com princípios idênticos aos da manifestação nacional”, explicou Vanessa Brandão. Neste processo estão envolvidos alguns coletivos locais, como a UMAR, a Civitas e a Chão das Lutas.

Sobre a importância da realização de uma manifestação nesta capital de distrito nortenha, a ativista enfatizou que é importante dar conta de que “o problema não se restringe a Lisboa e Porto, cidades como Braga, e até municípios adjacentes como Famalicão e Guimarães, estão a ser afetados”.

 

Já no que respeita à resposta que o Governo tem dado face à crise da habitação, Vanessa Brandão considera que “se o passo certo tivesse sido dado, não estávamos a falar neste problema”, as rendas “não estariam no mínimo de 600 euros” e “teríamos as residências que não temos”. Relativamente a esta última matéria, a estudante lembrou que as residências da Universidade do Minho alojam apenas 8% dos estudantes deslocados.

“As medidas do Mais Habitação são insuficientes e não visam proteger os estudantes, não respondem a quem não consegue pagar a renda da sua casa ou o crédito à habitação”, rematou a ativista.

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