Esta sexta-feira a coordenadora do Bloco apresentou em conferência de imprensa as propostas que o partido quer ver na lei na próxima legislatura e que serão um dos pontos fortes da campanha eleitoral que se aproxima.
Trata-se de olhar para os trabalhadores que têm sido “esquecidos das políticas de trabalho” e que são hoje em Portugal quase um milhão de pessoas em muitos setores na indústria, nos serviços, nos hospitais, nos call centers.
Braga
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“Trabalham sempre ao contrário dos horários da família, dos amigos, ao contrário do ritmo da sociedade”, afirmou Mariana Mortágua. Nos últimos meses o Bloco levou a cabo uma campanha para ouvir quem trabalha por turnos e recolheu mais de 20 mil assinaturas à porta dos locais de trabalho e em muitas localidades do país.
“Queremos que os trabalhadores por turnos sejam respeitados” e para o fazer, explicou a coordenadora do Bloco, é preciso começar por reconhecer que “há um desgaste em quem trabalha por turnos que tem de ser recompensado no momento da reforma”. Por isso propõe garantir seis meses de reforma antecipada por cada ano de trabalho por turnos, com um limite de 55 anos.
Em segundo lugar, é preciso garantir o descanso e permitir por exemplo “compatibilizar folgas com o seu parceiro”. O Bloco propõe dois fins de semana de folga a cada seis semanas de trabalho e 24 horas de descanso entre cada turno.
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E em terceiro lugar, tendo em conta que se trata de profissões que em muitos casos são das mais mal pagar, o Bloco quer valorizar os rendimentos de quem trabalha por turnos colocando na lei o direito ao subsídio de turno obrigatório, em vez de depender das convenções coletivas, e com um valor que corresponda no mínimo a 30% do salário.
“Quem vive ao contrário do relógio tem de ser compensado por esse esforço que prejudica a sua vida na prática”, concluiu Mariana Mortágua na apresentação destas propostas dirigidas aos trabalhadores por turnos.