“Para terem uma noção do problema, há menos de 1200 cantinas escolares, mas 800 estão entregues a duas empresas privadas”, afirmou a coordenadora do Bloco de Esquerda durante uma visita à escola Dr. Costa Matos, em Vila Nova de Gaia, distrito do Porto.
“Ou seja, 70% das cantinas escolares estão entregues a apenas duas empresas, que fazem tudo o que podem para baixar os seus custos e ganharem o máximo possível. E fazem isso atropelando os direitos dos trabalhadores, das suas cozinheiras, fazem isso também cortando na quantidade e na qualidade das refeições que são servidas aos nossos alunos”, acrescentou Catarina Martins.
Segundo a dirigente bloquista, “neste Orçamento do Estado deve ser permitido às escolas contratarem cozinheiras para poderem ter cantinas e não terem de as externalizar”.
Catarina Martins assinalou ainda que a Autoridade de Segurança Alimentar e Económica (ASAE) "já instaurou processos a empresas que fornecem serviços de cantina", e referiu que "os pais e professores têm denunciado situações de pouca quantidade e caos até em que as crianças passam fome".
A cantina da escola Dr. Costa Matos, é, segundo a deputada, um exemplo de uma "cantina que funciona bem".
"Nesta escola, a cantina funciona bem com qualidade na comida, opções, crianças satisfeitas e os custos são os custos normais que o Ministério da Educação prevê. É uma cantina gerida pela escola", frisou.
A escola Dr. Costa Matos acolhe 1.000 alunos que frequentam do 5.º ao 9.º anos. De acordo com o diretor de agrupamento, Filinto Lima, são servidas em média 600 refeições por dia na "única escola com cantina própria no concelho".
"Este é um bom exemplo porque [a cantina] é explorada pela própria escola. As cozinheiras que estamos a ver são funcionárias da escola. É uma escola onde se come bem, uma escola onde se faz comida saudável e muito caseira e onde os alunos estão felizes", afirmou Filinto Lima.
O diretor de agrupamento está convicto de que "a qualidade da comida nesta escola é superior a grande parte das cantinas que estão concessionadas", contudo assumiu que em abril foi abordado "no bom sentido pelo Ministério da Educação para repensar esta forma de trabalho".
"Mas não me passa pela cabeça mudar. Enquanto puder manter a cozinha como cozinha própria, vou mantê-la", rematou.