Bloco propõe revogar Unidades Locais de Saúde

21 de novembro 2023 - 22:08

O partido quer “desfazer uma ‘reforma’ que apenas piorará o SNS e que é feita contra a população”. Isabel Pires diz que o que é preciso é contratar mais profissionais e mais meios “para que todos os serviços estejam abertos à população e às suas necessidades”.

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Unidade de Saúde Local do Alto Minho. Foto da página do SNS.
Unidade de Saúde Local do Alto Minho. Foto da página do SNS.

Na discussão do Orçamento do Estado para 2024, o Bloco de Esquerda apresentou a proposta de revogar a constituição das Unidades Locais de Saúde que, afirma, “não têm demonstrado ser estruturas organizacionais que tragam ganhos em saúde para as populações”.

Para o partido, ao subordinar os cuidados de saúde primários a administrações hospitalocêntricas e ao tenderem para a concentração de serviços”, estas “têm mostrado piores indicadores de saúde”. Para provar esta ideia recorre-se à Associação Nacional de Unidades de Saúde Familiar que indica que os estudos sobre as oito ULS atualmente existentes em Portugal, realizados pela Entidade Reguladora da Saúde e pela Administração Central do Sistema de Saúde, I.P. “não validam nem os argumentos da ‘eficiência’, nem os argumentos da melhoria dos cuidados de saúde à população”.

Aliás, o que se passa é até o contrário: “o tempo médio de internamento até à alta médica, nos utentes das ULS foi superior ao dos hospitais não integrados em ULS, não existiram ganhos ao nível da coordenação entre Cuidados de Saúde Primários e Cuidados de Saúde Hospitalares, nomeadamente com redução de hospitalizações desnecessárias, os tempos de resposta face ao tempo máximo de resposta garantido previsto na legislação, para agendamento e realização dos meios complementares de diagnóstico e terapêutica, consultas de especialidade, cirurgias programadas, não foi cumprido nas ULS e o tempo médio de permanência no internamento aumentou em todas as ULS, assim como o custo com medicamentos”.

Argumenta-se ainda que “este tipo de organização ao pretender colocar sob um único comando hierarquizado os hospitais e os centros de saúde, acaba por ter uma visão hospitalocêntrica, subordinando os cuidados de saúde primários, limitando a sua autonomia e condicionando de forma capital a fundamental relação de proximidade com os seus utentes e populações”.

E dado que “as ULS não têm trazido soluções” e “em muitos casos só têm acrescentado problemas e prejudicado as populações”, “a solução passa por desfazer uma ‘reforma’ que apenas piorará o SNS e que é feita contra a população”.

Nomear ou não nomear dirigentes? A solução é revogar

Para além das ULS já existentes, o PS quer avançar com novas a partir de 1 de janeiro. Para esse efeito, fez um aditamento ao Orçamento do Estado para 2024 que pretende levar a votação. Este delega na direção executiva do SNS a capacidade de nomear os lugares de chefia destas instituições. O PSD veio defender a suspensão do processo ou que a nomeação dos dirigentes fosse feita em regime de substituição.

Para a deputada bloquista Isabel Pires, a solução mais “rápida” e “óbvia” é a que apresenta: a revogação das novas ULS. Ela lembrou que “o decreto das ULS foi publicado no dia em que o primeiro-ministro apresentou a sua demissão” e que este “estava a ser já contestado um pouco por todo o lado” e “por vários profissionais de saúde”.

Em vez de criar mais ULS, a dirigente bloquista pretende que se foque “nas medidas essenciais para resolver os problemas do Serviço Nacional de Saúde”, que são “contratação de mais meios e condições para contratação de mais profissionais de saúde, para que todos os serviços estejam abertos à população e às suas necessidades”.

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