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Bloco propõe que agricultura intensiva tenha avaliações de impacto ambiental e laboral

Catarina Martins defendeu em Odemira, numa ação integrada no Roteiro pela Justiça Climática, que passem a existir avaliações de impacto da agricultura intensiva e superintensiva, “ao nível do impacto sobre a água, de impacto ambiental, mas também sobre as condições dos trabalhadores”.
Roteiro Climático em Odemira - Foto de Tiago Teixeira
Roteiro Climático em Odemira - Foto de Tiago Teixeira

“O Governo português não quer mudar nada na forma como as estufas continuam a crescer aqui em Odemira, não querem mudar nada sobre os direitos dos trabalhadores e para combater quem destrata quem trabalha e não quer fazer nada sobre a água, numa das zonas onde a seca é mais visível”, denunciou a coordenadora do Bloco de Esquerda.

Catarina Martins esteve, neste domingo, em Odemira, numa marcha integrada no Roteiro pela Justiça Climática. A marcha teve início junto a uma zona de estufas e contou com a participação de trabalhadores agrícolas imigrantes, que empunhavam cartazes com mensagens em defesa do ambiente e do trabalho com condições. A Lusa refere também que durante o percurso de quase dois quilómetros, os participantes transportavam uma faixa de grandes dimensões com o tema do roteiro e entoaram palavras de ordem como “mais trabalho, mais salário” e “igual trabalho, igual salário”

Dirigindo-se aos jornalistas e às pessoas que participaram na marcha, a coordenadora bloquista falou em português e, posteriormente, em inglês, tendo em conta as pessoas imigrantes presentes.

No final da marcha, os participantes almoçaram nas instalações da Associação Cultural Recreativa Zambujeirense, na Zambujeira do Mar – Foto de Tiago Teixeira

No final da marcha, os participantes almoçaram nas instalações da Associação Cultural Recreativa Zambujeirense, na Zambujeira do Mar – Foto de Tiago Teixeira

Bloco apresenta três propostas

Catarina Martins explicou, na sua intervenção, que o Bloco tem propostas muito concretas em três áreas.

Em primeiro lugar, “para que a água seja gerida de forma pública e não pelos senhores do agronegócio”. Só a gestão pública garante o respeito de todas as pessoas e assegura o direito à água, “quando o nosso país sofre tanto com as secas”.

“Estamos aqui também a lutar pela gestão pública da água, porque o agronegócio da agricultura intensiva e superintensiva não pode continuar de forma irresponsável a retirar a água a estes territórios”, frisou Catarina Martins.

Em segundo lugar, a cordenadora do Bloco defendeu que na agricultura intensiva e superintensiva passem a existir avaliações “do impacto sobre a água, de impacto ambiental, mas também sobre as condições dos trabalhadores”.

“Se nada for feito e se esta lei não mudar, as estufas vão continuar a aumentar, a água vai ser cada vez menos e os trabalhadores vão continuar a ser explorados”, sublinhou, acrescentando que “não podemos condenar os trabalhos a viver em contentores ou a viver amontoados em quartos sem condições” e defendendo que “se há mais trabalhadores é preciso que haja mais serviços públicos”.

Em terceiro lugar, “queremos combater todo o abuso laboral e todo o trabalho forçado”, destacou Catarina Martins, apontando que “sempre que houver trabalho forçado”, todas as pessoas que estiverem a ganhar dinheiro à custa da exploração dos trabalhadores têm de ser culpabilizadas.

A concluir, Catarina Martins afirmou: “Temos dito a justiça climática é a justiça social e é com os trabalhadores que construímos soluções aqui, que respeitem o ambiente e que garantam o direito à água a toda a população”.

Depois de intervir em inglês, de falar com os trabalhadores imigrantes presentes e de os ouvir, a coordenadora do Bloco referiu, segundo a Lusa: “Está aqui quem trabalha todos os dias e está a dizer-nos que para lá das horas de trabalho, que são longas demais, e das condições de trabalho, que são más demais, na verdade, não há regras nenhumas”.

“Não há nenhuma progressão, estão completamente estagnados, independentemente das responsabilidades que as pessoas têm, da experiência que têm ou do que está acontecer agora com os preços, que estão a subir muito”, assinalou, alertando que a vida destes trabalhadores “está ainda mais complicada e insuportável”, devido aos salários “muito baixos”, apesar das “muitas horas de trabalho”.

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