Apesar do anúncio feito pelo vice-presidente do governo regional, os 420 trabalhadores portugueses da Base das Lajes continuam sem saber quando e como vão voltar a receber os seus salários. O Bloco de Esquerda reuniu com a Comissão Representativa dos Trabalhadores da Base das Lajes e, no final do encontro, exigiu o pagamento imediato dos salários a estes 420 trabalhadores, lamentando ainda em comunicado “que o anúncio de Artur Lima tenha sido vazio de concretização”.
O deputado regional bloquista António Lima acusa o governo português de continuar numa “posição de submissão, em que permite que os EUA tratem os Açores como uma colónia”.
Para ele, “isso não pode acontecer, os EUA têm que tratar os trabalhadores portugueses com dignidade e é preciso exigir que os EUA paguem o que devem”.
O dirigente bloquista considera ainda que “o que se está a passar nos EUA”, com o chamado shutdown, ou seja o bloqueio orçamental por causa de um impasse negocial entre Republicanos e Democratas, “é um problema dos EUA” e “não tem qualquer enquadramento legal em Portugal”.
António Lima acrescenta ainda que para além de 420 pessoas terem ficado a trabalhar sem receber salário durante tempo indeterminado, “há mais incumprimentos por parte dos EUA que Portugal não pode aceitar”. Apresenta como exemplos não estar a ser cumprido o calendário de reuniões obrigatórias da Comissão Laboral nem da Comissão Bilateral, todos os anos repetirem-se problemas com a atualização dos salários e existirem trabalhadores portugueses com salário inferior ao salário mínimo.
Ao nível nacional, na Assembleia da República, o Bloco tinha já enviado perguntas aos ministérios dos Negócios Estrangeiros e da Defesa Nacional a exigir explicações sobre estas matérias.
Outra questão que preocupa o partido é a situação dos 26 trabalhadores que têm contratos temporários na Base das Lajes e que “vão ser todos despedidos”.
António Lima defendeu ainda que Portugal tem de exigir a criação de mecanismos ao nível da Comissão Bilateral que garantam que no futuro, perante bloqueios orçamentais nos EUA, nunca mais se voltarão a repetir estes problemas com os trabalhadores portugueses na Base das Lajes.
O Bloco garante que acompanhou de perto este processo desde o início, tendo feito aprovar no parlamento dos Açores uma proposta para que o Governo da República desenvolvesse esforços diplomáticos imediatos junto dos EUA com vista ao pagamento dos salários em atraso aos trabalhadores portugueses ao serviço das forças militares norte-americanas na Base das Lajes.
“É incompreensível que o Governo República tenha estado em silêncio sobre esta situação durante duas semanas. Este assunto não se pode tratar apenas no recato das embaixadas, é preciso tratar com transparência para as pessoas saberem o que os governos estão a fazer. Se é que estão a fazer alguma coisa”, afirmou António Lima.
O deputado do Bloco deixou ainda críticas diretas a Luís Montenegro: “Vimos ontem o primeiro-ministro fazer um discurso nacionalista, com oito bandeiras atrás, mas defender o país é defender os trabalhadores portugueses da Base das Lajes e exigir aos EUA que cumpram a sua obrigação”.
