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Biden quebra promessa de não explorar combustíveis fósseis em terras federais

O governo norte-americano anunciou no final da passada sexta-feira que irá retomar projetos de exploração de petróleo e de gás nas terras públicas federais. Uma decisão que contraria as promessas feitas em campanha eleitoral de que estes projetos seriam travados.
O anúncio foi feito pelo Departamento do Interior que justificou que iria ser consignada a este uso uma área menor do que prevista anteriormente e que os valores pagos pelas empresas para a exploração passariam a ser mais elevados. Outra parte da justificação para esta viragem é a subida dos preços dos combustíveis que tem resultado da invasão da Ucrânia.
A primeira cedência de Biden sobre o tema foi, contudo, muito anterior a esta escalada. Em novembro, apenas uma semana depois de ter jurado na Cimeira do Clima que os EUA iriam “liderar pelo exemplo”, o seu executivo lançou aquele que foi considerado o maior leilão de licenças de concessões para a exploração de petróleo e gás no Golfo do México, referentes a uma área do dobro do tamanho do estado da Florida. Então, a desculpa oficial era que esta era a forma de cumprir a sentença de um juiz federal do Luisiana num dos vários processos colocados por estados norte-americanos que se colocavam do lado das grandes empresas do setor. Vários especialistas ouvidos pelo Guardian, assim com as organizações ambientalistas, contestaram a justificação.
As duas decisões contrariam a forma enfática como em fevereiro de 2020 se pronunciava contra a “prospeção nas terras federais” que se fez acompanhar pela repetição quatro vezes da expressão “ponto final”. Este ponto não acabou com a história e agora cerca de 582.7473 quilómetros quadrados de território ficarão disponíveis para concessão. A retoma da exploração de combustíveis fósseis é apresentada como uma redução de 80% da área que estava a ser avaliada pelo Departamento do Interior. Também as taxas sobre o rendimento obtido vão subir de 12,5% para 18,75%.
A decisão foi imediatamente saudada pelo lóbi dos combustíveis fósseis que pediu para se ir mais longe na decisão. Os grupos ambientalistas por seu lado criticaram-na. A Reuters cita a posição de Anne Bradbury, dirigente do American Exploration & Production Council, que inclui algumas das grandes empresas do setor, e que apela a que as licenças de exploração sejam passadas mais rapidamente e que haja “certeza regulatória consistente”.
A mesma fonte contrasta este posição com a do grupo ambientalista Center for Biological Diversity, cujo dirigente Randi Spivak considera os argumentos da Casa Branca “pura ficção” e um “fracasso imprudente na liderança climática”. “É como se estivessem a ignorar o horror das tempestades de fogo, das inundações e mega-secas e aceitassem as catástrofes climáticas como “business as usal””, sentencia.
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