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Berardo usa associação para ficar com obras que comprou com o Estado

A edição desta quinta-feira do jornal Público revela que a Associação de Coleções, uma sociedade sediada no Funchal e que faz parte do universo de entidades detidas por José Berardo, adquiriu todas as 214 obras de arte que a partir de 2997 foram adquiridas para o Museu Coleção Berardo através do fundo de aquisição financiado a meias pelo Estado e pelo empresário.
O negócio foi possível graças a uma cláusula do protocolo assinado em 2006, que previa que no caso de dissolução da Fundação de Arte Moderna e Contemporânea - Coleção Berardo, o próprio empresário ou uma entidade por si indicada poderia adquirir as obras pelo preço que custaram à época, pagando apenas a parte desembolsada pelo Estado.
Segundo o Público, este fundo deixou entretanto de ser financiado, pelo que as obras agora adquiridas são as que foram compradas nos primeiros anos de funcionamento do Museu Coleção Berardo. O espólio inclui obras de artistas portugueses como Pedro Cabrita Reis, Rui Chafes ou Jorge Molder, e estrangeiros como Daniel Buren ou Willem de Kooning.
Estas obras continuam à guarda do Centro Cultural de Belém, que na sexta-feira inaugura o Museu de Arte Contemporânea - CCB, onde estarão expostas peças desta coleção, mas também da coleção Ellipse, do antigo BPP e comprada pelo Estado, da coleção Teixeira de Freitas e da Coleção de Arte Contemporânea do Estado.
Entretanto, as obras da Coleção Berardo foram arrestadas por ordem do tribunal por causa do processo interposto pela Caixa, BCP e Novo Banco contra José Berardo, que continua a tentar travar na justiça a denúncia do protocolo que levou o Museu Berardo ao CCB. Até agora, os recursos do empresário têm sido negados pelos tribunais, com o Governo até agora a conseguir concretizar a estratégia de permitir que elas possam ser vistas pelo público sem ter de as comprar, devolvendo ao CCB a gestão do seu centro de exposições.
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