Um imponente contingente de polícia anti-motim, com escudos e bastões, ocupou as ruas do centro de Moscovo. Várias ruas e estações de metro da capital encerraram e o tráfego de inúmeros autocarros foi cortado. Segundo dados divulgados pela organização OVD-Info, mais de quatro mil pessoas foram detidas, das quais 1080 em Moscovo e 796 em São Petersburgo. De acordo com a CNN, entre os detidos encontra-se Yulia Navalnaya, esposa de Alexei Navalny.
No passado fim-de-semana, dezenas de milhares de manifestantes já se tinham mobilizado para exigir a liberdade de Alexei Navalny. Foram feitas milhares de detenções e abertos perto de 20 processos criminais. Numa tentativa de travar novos protestos, procuradores russos mandaram colocar em prisão domiciliária, na sexta-feira, o irmão de Navalny Oleg, o assessor Lyubov Sobol e outras três pessoas, sob a acusação de supostas violações das restrições do coronavírus durante os protestos.
A Lusa avança que os procuradores deram ainda ordem para que as redes sociais na internet bloqueassem os apelos à participação nos protestos. Já o Ministério do Interior emitiu várias ameaças para conter a mobilização, advertindo que os manifestantes podem ser acusados de participação em motins em massa, sujeitando-se a uma pena de prisão de até oito anos. Os acusados de violência contra a polícia podem enfrentar até 15 anos de cadeia.
UE condena uso desproporcionado de força e detenções massivas
Josep Borrell, chefe da diplomacia da União Europeia afirmou, na sua conta de Twitter, que deplora “as detenções massivas” e o “uso desproporcionado da força” nas manifestações deste domingo.
I deplore widespread detentions and disproportionate use of force against protesters and journalists in #Russia again today. People must be able to exercise their right to demonstrate without fear of repression. Russia needs to comply with its international commitments.
— Josep Borrell Fontelles (@JosepBorrellF) January 31, 2021
A Amnistía Internacional (AI) exigiu à Rússia a libertação imediata e sem condições de todas as pessoas detidas durante os protestos: “Todos os manifestantes pacíficos detidos hoje em Moscovo e outras cidades devem ser postos em liberdade imediatamente e sem condições, e todos os casos de uso ilegal da força por parte da polícia devem ser investigados com prontidão e de maneira eficaz”, assinalou a organização não governamental em comunicado.
Antony Blinken, secretário de Estado norte-americano, condenou as “táticas brutais” da Rússia contra os manifestantes da oposição e apelou à libertação do líder da oposição russa.
“Os Estados Unidos condenam o uso contínuo de táticas brutais pela Rússia contra manifestantes pacíficos e jornalistas pela segunda semana consecutiva e renova o seu apelo para que liberte os detidos, incluindo Alexei Navalny”, afirmou Antony Bliken, na rede social Twitter.