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Auchan obriga trabalhadores a compensar horas não trabalhadas devido a novas restrições

O Sindicato dos Trabalhadores do Comércio, Escritórios e Serviços de Portugal acusa a Auchan de não respeitar os direitos dos trabalhadores e apela à intervenção das autoridades competentes para “repor a legalidade”. Lucros do grupo Auchan cresceram durante a crise pandémica.
Auchan. Foto de BKP, Wikimedia.

O Sindicato dos Trabalhadores do Comércio, Escritórios e Serviços de Portugal (CESP) assevera que a Auchan, perante o confinamento imposto aos fins de semana, comunicou “à maioria dos seus trabalhadores que têm de sair até às 14:00 e estão obrigados a compensar as horas não trabalhadas no prazo de 8 semanas”.

A estrutura sindical critica o grupo por este ter afirmado que “como estamos em estado de emergência a empresa pode mexer nos direitos dos trabalhadores”. O CESP frisa que isso é “mentira”, e que “os direitos dos trabalhadores não estão suspensos”.

“Os trabalhadores, com declaração da empresa, podem deslocar-se para o seu local de trabalho e estão disponíveis para trabalhar no seu normal horário”, escreve o CESP, avançando que “se a empresa decide dispensar o trabalhador do dever de assiduidade assume igualmente que lhe paga o salário”.

Auchan comunica à maioria dos seus trabalhadores que têm de sair até às 14h e estão obrigados a compensar as horas não...

Publicado por CESP - Portugal em Sexta-feira, 13 de novembro de 2020

“Não é aceitável que empresas com milhares de euros de lucros, empresas que desde o primeiro dia da pandemia têm tido os trabalhadores ao serviço, apesar dos medos e das enchentes de clientes, venham agora dizer que os trabalhadores terão de pagar as horas que não irão trabalhar, porque o Governo decidiu que as portas ao público terão de estar encerradas”, defende a estrutura sindical, que exorta as “autoridades competentes” a reporem a legalidade.

Contactada pela agência Lusa, fonte oficial da Auchan Retail Portugal rejeitou “qualquer acusação de estar a agir à margem dos direitos dos colaboradores”. O grupo assegurou que a reorganização de horários “está a ser feita dentro do mais escrupuloso cumprimento da legislação em vigor e com o acordo com cada um dos colaboradores” e que “não há nenhuma obrigatoriedade de mudar de horário”. A Auchan referiu ainda “que não haverá nenhum impacto na remuneração das suas equipas e aqueles que não tiverem disponibilidade para ajustar o horário, poderão executar tarefas em loja de apoio à entrega ao domicílio”.

Com lucros a crescer, Auchan mantém baixos salários e ritmos desumanos

O CESP acusa a Auchan de rejeitar reunir com os representantes dos trabalhadores e lembra que, mesmo tendo visto os seus lucros crescerem em plena crise pandémica, a cadeia de supermercados francesa se recusa a “melhorar as condições de vida e de trabalho dos trabalhadores ao seu serviço”.

A estrutura refere que estes trabalhadores “agora considerados essenciais para o País” mantêm “baixos salários” e são sujeitos a “discriminações salariais e injustiças nas carreiras profissionais” e a “ritmos desumanos nos locais de trabalho”.

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