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Ativista saudita pelos direitos das mulheres condenada a cinco anos de prisão

Loujain al-Hathloul está presa desde maio de 2018. Com parte da pena suspensa, poderá sair da prisão no final de fevereiro. A acusação pedia a pena máxima de vinte anos por “desestabilizar a segurança nacional”.
Ativista saudita pelos direitos das mulheres condenada a cinco anos de prisão

Depois de uma longa campanha, em junho de 2018 Mohammad bin Salman anunciava que as mulheres poderiam finalmente conduzir na Arábia Saudita. Um mês antes, Loujain al-Hathloul, uma das mulheres que lutara por esse direito, tinha sido detida.

Na altura, considerou-se que a detenção da ativista foi uma forma de deixar claro aos sauditas que a mudança no reino ultra-conservador só poderia ocorrer de baixo para cima, e não com campanhas políticas.

A acusação só chegou em dezembro de 2020: Loujain teria alegadamente estado em contacto com Estados “hostis ao reino”, teria "fornecido informações classificadas como secretas” e “desestabilizado a segurança nacional”.

E esta semana ficou a saber que foi condenada a cinco anos e oito meses de prisão, segundo decretado pelo tribunal especializado em terrorismo. Dois anos e dez meses da pena foram suspensos, o que significa que a ativista, detida há dois anos e sete meses, poderá vir a ser libertada no final de fevereiro de 2021.

A acusação fala em contactos com a União Europeia, o Reino Unido e a Holanda, mas estes são países com os quais a Arábia Saudita mantém relações.

“Não mencionam nada sobre informações sensíveis, só evocam o seu ativismo. É acusada de ter falado da situação dos direitos humanos na Arábia Saudita em conferências internacionais e com organizações não governamentais”, afirmou Lina al-Hathloul, irmã de Loujain, em declarações citadas em Portugal pelo jornal Público.

A família de Loujain e várias organizações de defesa dos direitos humanos vieram a público denunciar situações de tortura e assédio sexual a que a ativista foi submetida na prisão. O Comité para os Direitos das Mulheres das Nações Unidas já tinha vindo a público expressar a sua preocupação com o bem-estar de Loujain al-Hathloul e pede agora a sua libertação imediata.

A ativista de 31 anos já tinha sido detida várias vezes por desafiar a antiga lei que impedia as mulheres de conduzir e por fazer campanha contra a lei que coloca as mulheres sob a tutela de um familiar do sexo masculino.

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