Extrema-direita

Ataque a escritora: Ministra confrontada com ausência de medidas de segurança preventivas

25 de junho 2024 - 14:15

A ministra da Administração Interna foi questionada pelo Bloco de Esquerda sobre a repetição dos ataques intimidatórios do grupo “Habeas Corpus” à escritora Mariana Jones sem que as autoridades intervenham.

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Ataque na livraria do Norteshopping
Imagem do ataque na livraria da FNAC do Norteshopping este sábado.

Este sábado, 22 de junho, a escritora Mariana Jones foi novamente alvo de intimidações verbais perpetradas por membros da associação de extrema-direita “Habeas Corpus”, durante a apresentação do seu mais recente livro “O avô Rui, o senhor do café” numa livraria num centro comercial em Matosinhos. O ataque não foi inédito e foi mesmo anunciado nas redes sociais pelo líder do grupo extremista e cabeça de lista do partido Ergue-te nas eleições europeias, por entre uma série de afirmações homofóbicas e que incitavam ao ódio a pessoas LGBT. Apesar ao anúncio e do historial de violência do grupo, nomeadamente o espancamento de uma pessoa durante uma ação semelhante realizada em maio em frente à sede do Bloco de Esquerda e reproduzida pela comunicação social, no local do lançamento do livro não se encontrava no local qualquer agente policial para garantir a segurança do evento, com a escritora a abandonar o local sob proteção da segurança do centro comercial.

Esta terça-feira, o Bloco de Esquerda questionou a ministra da Administração Interna sobre esta ausência de medidas de segurança preventivas face à atuação de um grupo que “tem protagonizado, de forma consistente, episódios intimidatórios e mesmo violentos contra pessoas, organizações e partidos”.

“Não se compreende como é que, perante o histórico de violência desta organização e atendendo a que as ações costumam ser anunciadas nas redes sociais, não são tomadas medidas preventivas por parte das forças de segurança. Esta circunstância, por um lado fomenta o medo e insegurança na comunidade, por outro legitima a homofobia e o discurso de ódio, criando uma ideia de impunidade de quem leva a cabo ações desta natureza”, sublinha o líder parlamentar bloquista Fabian Figueiredo.

O Bloco de Esquerda entende que “a monitorização deste tipo de organizações extremistas é um passo necessário para que se possa combater este fenómeno e, consequentemente, prevenir a ocorrência de crimes de ódio” e pede esclarecimentos à ministra Margarida Blasco sobre a existência dessa monitorização ao grupo agora em causa, quais as razões para não terem sido adotadas pedidas preventivas de segurança ao evento de sábado, quais as diligências feitas pela PSP que foi chamada ao local e que medidas irá o Governo tomar face ao recrudescimento de grupos que promovem o discurso de ódio violento e discriminatório.

Esta é a segunda vez que o Bloco confronta a ministra com a impunidade da ação violenta dos grupos de extrema-direita no espaço de um mês, já o tendo feito após ações semelhantes do grupo Habeas Corpus em Cabeceiras de Basto e em frente às sedes bloquistas de Lisboa e Porto, bem como da concentração do grupo neonazi 1143 junto ao Padrão dos Descobrimentos, em que a PSP carregou sobre os contra-manifestantes antifascistas e protegeu os que gritavam palavras de ordem xenófobas.