Ainda não é desta que o Presidente da República vai encontrar-se com as associações de imigrantes que estão em luta contra as medidas decretadas pelo Governo e promulgadas por Marcelo em tempo recorde. “Já por três vezes, nas nossas lutas, tentámos ser ouvidos pelo Presidente e ele nunca nos ouviu”, criticou Timóteo Macedo, dirigente da Solidariedade Imigrante, uma das 51 associações que estão a contestar o fim do mecanismo legal da manifestação de interesse que existia até agora e permitia aos imigrantes já a trabalhar em Portugal entregarem a documentação necessária para darem início à regularização da sua situação no país. Desta vez, Marcelo Rebelo de Sousa entendeu encaminhar as associações para um encontro com os seus assessores, que deverá ter lugar no dia 12 de julho.
Imigração
Bloco quer regresso das manifestações de interesse e acusa Governo de “empurrar as pessoas para as máfias"
“O fim das manifestações de interesse não faz sentido e o caminho da legalização está fechado”, criticou Timóteo Macedo em declarações à agência Lusa, acrescentando que tem recebido queixas de empresários que não conseguem contratar gente “para a agricultura ou restauração”.
“Já tivemos reuniões no Alentejo e fora de Lisboa e toda a gente está contra, porque estas pessoas conseguiam, com as manifestações de interesse, resolver as necessidades das nossas empresas”, afirmou o dirigente associativo.
As associações prometem que não irão calar a sua indignação e preparam-se para planear “grandes ações de rua” que mostrem a importância da imigração para a sociedade portuguesa e a necessidade de verem os seus direitos reconhecidos, em vez de serem empurrados para a arbitrariedade dos patrões sem escrúpulos ou das mafias, como acontecia há poucas décadas.
A principal reivindicação é a do regresso das manifestações de interesse, por entenderem que passar a responsabilidade para os consulados nos países de origem representa “um retrocesso de pelo menos 17 anos em políticas de imigração” e o fim de um mecanismo que era elogiado internacionalmente, apesar de nunca terem sido dados os meios às autoridades administrativas para processarem os pedidos num prazo aceitável.