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Associação de diabéticos quer aumentar acesso a bombas de insulina

Presidente da APDP alerta que “existe um problema de agilização no acesso à bomba” e “no apoio à formação” para que as pessoas a possam usar. Na semana passada, o Bloco questionou o Governo sobre o alargamento das bombas de insulina a todos os insulinodependentes com indicação médica.
Bomba de insulina – foto do SNS - Centro Hospitalar Barreiro Montijo (CHBM)
Bomba de insulina – foto do SNS - Centro Hospitalar Barreiro Montijo (CHBM)

Em declarações à Lusa, José Manuel Boavida, presidente da Associação Protetora dos Diabéticos de Portugal (APDP) defendeu a necessidade de maior acesso a bombas de insulina, para que cheguem mais rapidamente a cerca de 15 mil diabéticos.

“Existe um problema de agilização no acesso à bomba e, depois, no apoio à formação para que as pessoas possam colocar a bomba e aprender a usá-la”, alertou José Manuel Boavida, salientando que a “capacidade de resposta é muito menor do que as necessidades” do país.

As bombas de insulina garantem melhor controlo glicémico e permitem melhor qualidade de vida, pois levam à necessidade de menos injeções e a uma maior segurança na quantidade de insulina injetada.

O presidente da APDP conta que a população abrangida por estas bombas comparticipadas começou pela colocação de cerca de 100 bombas por ano, tem vindo a aumentar “consoante a capacidade de resposta” dos serviços de saúde e pode abranger 15 mil pessoas.

“Como não há meios e como a dificuldade de ensino para colocar as bombas é grande, os serviços vão colocando só à medida das capacidades” dos centros hospitalares que têm de ter determinadas caraterísticas reconhecidas pela Direção-Geral da Saúde, referiu José Manuel Boavida à Lusa, acrescentando que “esses centros são limitados e têm poucos meios e não há tantos centros assim, porque nem todos os hospitais são centros reconhecidos”.

O presidente da APDP disse à Lusa que "a associação tem insistido muito para que este processo se torne muito ágil” ao nível dos vários organismos do Ministério da Saúde e que passe a ser feito à semelhança do que acontece com a prescrição de medicamentos para que em poucos anos se abranja as 15 mil pessoas.

“Neste momento, tem de haver concursos anuais” para a aquisição de bombas de insulina e “todo este processo poderia ser agilizado sem ter de envolver permanentemente diferentes organismos do Ministério da Saúde", sublinhou, lembrando que o acesso às bombas começou pelas crianças.

O presidente da APDP explicou que o concurso dos Serviços Partilhados do Ministério da Saúde para a aquisição das chamadas bombas inteligentes de nova geração, que permitem calcular a dose de insulina necessária através da leitura dos valores da glicemia e da introdução da quantidade de comida que se vai ingerir, está à espera de um parecer da Autoridade Nacional do Medicamento e Produtos de Saúde (Infarmed).

Diabéticos esperam bombas de insulina grátis há dois anos, Bloco questiona governo

Em novembro de 2020, por proposta do Bloco de Esquerda, o Parlamento aprovou o alargamento das bombas de insulina a todos os insulinodependentes com indicação médica para o uso desta terapêutica. Apesar da aprovação da proposta e de apenas ter tido o voto contra do PS, a medida nunca foi implementada.

Na semana passada, Catarina Martins questionou a ministra da Saúde sobre esta situação: "O Governo nem publicou regime que alargasse a gratuitidade de acesso a bombas de insulina, nem alargou a sua comparticipação a mais utentes. Verdade é que existem cada vez mais adultos a deslocar-se a centros autorizados para colocação de bombas de insulina com a esperança de conseguir aceder a este dispositivo, mas o caminho continua barrado, não obstante a clara posição do Parlamento sobre a matéria", destaca a coordenadora bloquista.

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