Extrema-direita

“André Ventura faz jogo cobarde ao usar criminalidade como desculpa para ataques racistas”

06 de maio 2024 - 23:11

Num jantar-comício na Madeira, Mariana Mortágua vincou que o líder do Chega “não condena os crimes racistas e violentos” porque “os promove explicitamente com o seu esforço”. Para a coordenadora do Bloco, “a extrema direita é violência, é ódio, é crime”.

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Mariana Mortágua na Madeira.
Mariana Mortágua na Madeira. Foto de Ana Mendes.

Num jantar-comício na noite desta segunda-feira na Madeira, Mariana Mortágua regressou ao caso das agressões racistas por parte de um grupo de encapuzados no Porto para denunciar a posição da extrema-direita parlamentar. E acusou o seu líder, André Ventura, de tentar “transformar uma agressão racista num debate sobre imigração”.

A coordenadora do Bloco considera isto “jogo sujo”, “jogo cobarde”. Para ela, “é cobardia” usar a criminalidade social “como uma desculpa e como uma justificação para ataques racistas criminosos, criminosos que não têm desculpa e que não têm justificação”.

Afirmando que “a criminalidade social deve ser combatida, seja ela cometida por portugueses ou por imigrantes”, o que “não está em causa num estado de direito” porque “todos temos o direito a viver em segurança”, vinca que “André Ventura não condena os crimes racistas e violentos porque o Chega os promove explicitamente com o seu esforço”. E também “porque é no Chega que se reveem os gangues criminosos de Mário Machado”.

Aliás, para a dirigente bloquista “são esses gangues que André Ventura legitima e reivindica com o seu discurso anti-imigração”. Ela defende que a “extrema-direita é isto”: “a extrema direita é violência, é ódio, é crime”.

Fazendo a ponte com o clima pré-eleitoral que se vive na Madeira, Mariana Mortágua lembrou que “é com eles que o PSD Madeira se quer coligar para se manter no governo” e invocou a altura em que “o Chega andava aos pulos para entrar no governo regional e para fazer uma coligação com o PSD Madeira”. “Na altura, André Ventura lamentava que o PSD Madeira não tivesse negociado com eles para entrar no governo”, acrescentou.

Para além disso, recordou ainda que “foi Miguel Albuquerque que André Ventura convidou para fazer parte da sua campanha nas eleições presidenciais”. Factos que mostrariam que “é do Chega que o PSD Madeira gosta mas também é do PSD Madeira que o Chega gosta”.

Pelo que “aqueles que incitam o ódio aos imigrantes são exatamente os mesmos que protegem e que beneficiam dos interesses financeiros, dos interesses especulativos, dos interesses irresponsáveis que fazem baixar os salários e que fazem aumentar o preço da casa”. Já que “quando é para proteger os interesses económicos, a direita entende-se sempre”.

Dito isto, contrastou esta posição com a do Bloco de Esquerda que “tem outro compromisso, que é compromisso com a verdade, com a igualdade e com a justiça”, defendendo que “este país só será bom se for bom para toda a gente que aqui vive”.