André Ventura condenado por difamar família do Bairro da Jamaica

24 de maio 2021 - 19:38

O líder da extrema-direita tinha chamado “bandidos” à família Coxi. Há alguns dias, a sua conta no Twitter tinha sido suspensa por violar as normas da rede social ao dizer que “Eduardo Cabrita devia ser decapitado”.

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Higina Coxi e o seu filho James no interior da sua casa, no Bairro da Jamaica, Seixal, 23 de janeiro de 2019. Foto de Mário Cruz/Lusa.
Higina Coxi e o seu filho James no interior da sua casa, no Bairro da Jamaica, Seixal, 23 de janeiro de 2019. Foto de Mário Cruz/Lusa.

A família Coxi levou André Ventura a tribunal por este lhes ter chamado “bandidos” num debate televisivo. Segundo o Jornal de Notícias, o político de extrema-direita acabou agora condenado na primeira instância do Tribunal Judicial da Comarca de Lisboa por ofensa à honra e ao bom nome destas sete pessoas.

O líder do Chega tentou instrumentalizar a imagem da família que vive no Bairro da Jamaica durante o debate presidencial com Marcelo Rebelo de Sousa que os tinha visitado dois dias antes. O seu partido também o fez quando publicou, para contrastar com a foto da visita do Presidente da República, outra foto em que Ventura surgia com um conjunto de homens brancos, um deles com uma camisola do “Movimento Zero”, legendada "Eu prefiro os portugueses de bem".

Na decisão judicial, André Ventura é obrigado a pedir desculpas públicas à família, a publicar a condenação nos meios de comunicação nos quais as declarações foram divulgadas, o que inclui SIC, SIC Notícias e TVI, para além de o ter de fazer na conta do Twitter do Chega. O prazo que tem para o fazer é de 30 dias mas pode ainda recorrer da sentença. Se não o fizer, passado o prazo terá de pagar 500 euros por dia e 5.000 euros por cada ofensa futura aos sete ofendidos.

O tribunal condena ainda Ventura e Chega a "abster-se de proferir ou divulgar, no futuro, declarações ou publicações, escritas ou orais, ofensivas ao bom nome".

Já na passada sexta-feira, a conta do líder do Chega no Twitter tinha sido bloqueada temporariamente por 12 horas por violação das regras da rede social. Esta penalização foi devida a uma publicação em que dizia que o ministro da Administração Interna, Eduardo Cabrita, “devia ser decapitado”.

O político de extrema-direita tinha-se irritado por o ministro ter decidido suspender a pena aplicada a Manuel Morais, o polícia que ganhou notoriedade pelas suas denúncias de situações de racismo na PSP.