Depois da Comissão Europeia ter insistido em avançar com a classificação do gás e da energia nuclear como formas de energia sustentáveis no âmbito da sua “taxonomia das atividades económicas ambientalmente sustentáveis”, duas diferentes iniciativas de grupos ambientalistas serão apresentadas em tribunal esta terça-feira.
Por um lado, a Greenpeace informou que vai apresentar queixa no Tribunal de Justiça da União Europeia procurando que a decisão de reclassificar o gás e o nuclear seja declarada “inválida”, considerando-a “greenwashing” e ir contra a proclamada meta legal de obter neutralidade carbónica até ao anos de 2050.
Nina Treu, diretora executiva da Greenpeace alemã, esclarece que esta taxonomia “deveria ser uma ferramenta para alcançar o objetivo de 1,5º e tornar a União Europeia neutral em termos climáticos, promovendo a reestruturação social e económica da economia europeia através da transferência de fundos. Em vez de dificultar o greenwashing, tornou-se um instrumento de greenwashing”. Para ela, a inclusão destas duas fontes de energia fica-se a dever a “lóbi motivado politicamente”. “O nuclear é perigoso, caro, vulnerável às alterações climáticas e demasiado lento para parar o colapso climático”, acrescentou.
Por outro lado, um grupo de organizações que inclui a ClientEarth, o ramo europeu do Fundo da Vida Selvagem (WWF), a Transporte & Ambiente e o BUND (Amigos da Terra da Alemanha) irá igualmente recorrer às instâncias judiciais europeias mas neste caso apenas no que diz respeito à classificação do gás. Tal como a Greenpeace, parte das alegações vão também no sentido da decisão contrariar a meta da neutralidade carbónica.
Anaïs Berthier, da Client Earth, sublinha que a classificação do gás como sustentável é “tão absurda quanto ilegal”. As associações alegam que isto “vai contra os próprios conselhos científicos da União Europeia e mina fundamentalmente a credibilidade da ação climática da União Europeia”.
Estas ações em tribunal já tinham sido anunciadas e seguem-se a um processo avançado o ano passado por dois Estados-membro da União Europeia, a Áustria com o apoio do Luxemburgo. A ministra do ambiente austríaca, Leonore Gewessler, tinha então disparado: “a energia nuclear e o gás não são nem verdes nem sustentáveis. Assim apresentámos um processo legal contra a taxonomia regulatória da Comissão Europeia como dissemos que o iríamos fazer”.