Alto responsável da ONU renuncia e responsabiliza EUA e Europa por genocídio em Gaza

31 de outubro 2023 - 20:24

Diretor do Gabinete do Alto Comissariado para os Direitos Humanos em Nova Iorque refere que EUA, Reino Unido e grande parte da Europa armaram “ativamente o ataque, forneceram apoio económico e informações e deram cobertura política e diplomática às atrocidades de Israel”.

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Foto @DD_Geopolitics/Twitter]

Craig Mokhiber, diretor do Gabinete do Alto Comissariado para os Direitos Humanos (ACNUDH) em Nova Iorque, demitiu-se do seu cargo, assinalando que a ONU está a “falhar” no seu dever de impedir o genocídio de civis palestinianos em Gaza.

Numa missiva dirigida ao alto comissário da ONU em Genebra, Volker Turk, datada de 28 de outubro, Mokhiber aponta responsabilidades aos EUA, Reino Unido e grande parte da Europa, que considera serem “totalmente cúmplices do terrível ataque”.

“Mais uma vez estamos a ver um genocídio a desenrolar-se diante dos nossos olhos e a organização que servimos parece impotente para o impedir”, afirma.

O alto responsável da ONU lembra que a organização conseguiu evitar genocídios anteriores contra os tutsis no Ruanda, os muçulmanos na Bósnia, os yazidis no Iémen e os rohingya em Myanmar.

“Alto Comissário, estamos a falhar novamente. O atual massacre em massa do povo palestiniano, enraizado numa ideologia etno-nacionalista dos colonos coloniais, na continuação de décadas de perseguição e purga sistemática, baseada inteiramente no seu estatuto de árabes… não deixa espaço para dúvidas”, escreve.

Mokhiber acrescenta que “este é um caso clássico de genocídio”. Segundo o diretor do Gabinete do ACNUDH em Nova Iorque, EUA, o Reino Unido e grande parte da Europa não estão apenas a “recusar-se a cumprir as suas obrigações do tratado” ao abrigo das Convenções de Genebra, mas também estão a armar o ataque de Israel e a fornecer cobertura política e diplomática para isto.

Um porta-voz da ONU em Nova Iorque esclareceu, em comunicado enviado ao The Guardian, que “as opiniões contidas na sua carta tornada pública hoje são suas opiniões pessoais”.