Água

Alterações climáticas põem em risco estatuto de Património Mundial do Douro, diz CIM

29 de março 2025 - 12:48

Comunidade Intermunicipal do Douro alerta para riscos da escassez hidrológica acentuada por alterações climáticas e pede estratégia de gestão e preservação de água.

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Vinhas do Douro
Vinhas do Douro. Fotografia de Joana Martins/Wikicommons

A região do Alto Douro Vinhateiro está em risco de perder o título de Património Mundial da Unesco, alerta o presidente da Comunidade Intermunicipal (CIM) do Douro. Segundo Luís Machado, citado pelo portal Eco, a situação de escassez hídrica agravada pelas alterações climática coloca a região numa situação difícil.

“Se nada for feito agora, daqui a dez anos não seremos a mesma região. As alterações climáticas terão impacto na paisagem, na vinha e na produção das diversas culturas; o que poderá comprometer a classificação de Património Mundial pela Unesco”, diz o líder da CIM Douro, que pede um plano de gestão eficiente dos recursos hídricos.

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Ao longo do tempo, os efeitos da seca e das alterações climáticas poderão significar o abandono das vinhas, o fim da paisagem viva e a desertificação mais acentuada na região. A água tem um papel importante na economia regional, mas o stress que as alterações climáticas colocam sobre os recursos hídricos do Douro pode mesmo colocar em risco essa economia.

Luís Machado pede um grupo de trabalho que operacionalize um plano estratégico de gestão e de preservação dos recursos hídricos do território, que se articule entre a CIM, o Ministério da Agricultura, Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Norte, Instituto do Vinho do Porto, Casa do Douro e outros agentes locais.

O Alto Douro Vinhateiro está situado na Região Demarcada do Douro, que é a mais antiga área vitícola regulamentada do mundo. Foi inscrito na lista de Património Mundial da Unesco em 2001, devido à sua paisagem cultural, evolutiva e viva.

Uma das possíveis soluções para avançar com uma maior poupança de água poderá passar pelo fim dos subsídios à água, vendendo-a ao seu “preço real”. Acontece que a água para rega em Portugal é vendida a preços muito baixos. No Alqueva, por exemplo, o metro cúbico é vendido a quatro cêntimos sem IVA, enquanto a Associação de Beneficiários da Cova da Beira (estes são os dois simuladores disponíveis online) vende o metro cúbico agrícola a um cêntimo.

Com estes valores, os agricultores utilizam grandes quantidades de água à sua discrição. Mas se os preços da água para rega aumentassem para corresponder ao seu custo real, o mercado faria com que os agricultores tivessem de planear os usos de água de forma mais eficiente, repensando culturas e técnicas.