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Activista chinês ganha Nobel da Paz

Liu Xiaobo, actualmente na prisão, vence o prémio de 2010 “pelos 20 anos de luta longa e não-violenta pela democracia no seu país”.
O julgamento em que Liu Xiaobo foi condenado a 11 anos de prisão, por "subversão contra o poder do Estado", em Dezembro de 2009, durou apenas duas horas e meia.

O presidente da Fundação Nobel, Thorbjoern Jagland, disse em Oslo que Liu foi premiado porque "por mais de duas décadas tem sido um forte porta-voz pela aplicação dos direitos fundamentais na China", acrescentando que o activista simboliza o desafio chinês de combinar o seu forte crescimento económico com princípios democráticos, liberdades de imprensa e expressão.

Carta 08

O escritor e ex-professor universitário, de 54 anos, foi condenado em Dezembro do ano passado a 11 anos de prisão e dois anos de perda de direitos políticos por "incitar à subversão" ao lançar a Carta 08, um manifesto que reivindicava a democracia multipartidária e o respeito aos direitos humanas na China.

O manifesto foi assinado por cerca de 300 intelectuais chineses e lançado por ocasião dos 60 anos da Declaração Universal sobre os Direitos Humanos da ONU. O documento foi ainda apoiado por cerca de 12 mil pessoas via Internet.

"A campanha para estabelecer direitos humanos universais também na China está a ser apoiada por muitos chineses, tanto na China quanto no exterior. Através da rígida punição que lhe foi imposta, Liu tornou-se o principal símbolo desta vasta luta", disse Jaglard.

China ameaça

Um porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês reagiu à decisão do Comité Nobel norueguês de forma ameaçadora, dizendo que esta “pode prejudicar” as relações entre os dois países.

No passado dia 28 de Setembro, questionada sobre a possibilidade de Liu Xiaobo receber o Nobel da Paz, a porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês, Jiang Yu, respondera: “essa pessoa foi condenada à prisão porque violou a lei chinesa”.

Há cerca de duas semanas, o director do Instituto Nobel da Noruega, Geir Lundestad, disse que um alto funcionário chinês o advertiu de que a atribuição do Nobel da Paz a Liu Xiaobo seria vista em Pequim como “um acto hostil”.

Amnistia pede libertação de todos os presos

Em comunicado divulgado logo após o anúncio do prémio, a Amnistia Internacional pediu ao governo chinês que liberte todos os prisioneiros políticos detidos no país.

"Este prémio só pode fazer uma diferença real se levar a mais pressão internacional para que a China liberte Liu, junto com inúmeros outros prisioneiros de consciência abandonados nas prisões chinesas por exercer o seu direito à liberdade de expressão", disse a vice-directora de Ásia-Pacífico da ONG, Catherine Baber.

O julgamento em que Liu Xiaobo foi condenado a 11 anos de prisão, por "subversão contra o poder do Estado", em Dezembro de 2009, durou apenas duas horas e meia.

O escritor e ex-professor universitário já passara 18 meses na cadeia após a repressão do

movimento pró-democracia da Praça da Paz Celestial (Tiannamen) de Pequim em Junho de 1989 e cumprira três anos de sentença num "campo de reeducação pelo trabalho", de 1996 a 1999.

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