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Onda grevista na China

Diversos analistas internacionais consideram que estas greves marcam o fim da era dos baixos salários na China. Será assim? O tema estará em debate no Fórum Socialismo 2010, apresentado por Carlos Santos, sob o título: China, o império dos baixos salários e a onda grevista de 2010.
Trabalhadores da Honda de Foshan durante a greve de Maio

No primeiro semestre de 2010, um conjunto de greves em fábricas chinesas foram notícia em todo o mundo, destacando-se pelo seu ineditismo e pela circulação da informação em todo o mundo.

O movimento ficou marcado pela greve na fábrica da Honda em Foshan, Guangdong, onde os trabalhadores pararam a produção durante mais de quinze dias, exigindo melhores salários. No final, os trabalhadores tinham conseguido importantes vitórias e deixado um caderno reivindicativo para o futuro.

A greve iniciou-se quando Tan Guocheng, um jovem operário de 23 anos migrante da província de Hunan, carregou no alarme provocando a paragem da linha de montagem. A seguir à sua acção, Xiao Lang, outro jovem operário de 20 anos também migrante de Hunan, provocou a paragem de outra linha de montagem. Com as linhas paradas, mais de cem operários foram abandonando os locais de trabalho, percorrendo a fábrica, fazendo saber à administração que exigiam aumento de salários. A greve começou a 17 de Maio, foi interrompida por 4 dias, recomeçando depois a 21 de Maio já com a participação dos cerca de 1800 trabalhadores da empresa e levando à paragem de toda a produção das diversas fábricas da Honda na China. Após diversas peripécias e confrontos, os trabalhadores chegaram a um acordo com a empresa, em que esta aceitou um aumento de 35% nos salários dos trabalhadores e de 70% dos estagiários (estudantes do secundário, que eram a maioria dos trabalhadores da fábrica).

A greve foi dirigida por um conjunto de trabalhadores escolhidos pelos operários contra a vontade da direcção do sindicato e em aberto conflito com ela. Das reivindicações dos trabalhadores ficou para o futuro a exigência da reorganização sindical e da eleição dos seus representantes na empresa pelos trabalhadores, além de outras reivindicações como o subsídio de antiguidade.

À greve da fábrica de Foshan, seguiram-se outras greves em fábricas da Honda e também noutras empresas privadas, nomeadamente na Toyota.

Desta onda grevista, o jornal Guardian concluía, no dia 17 de Junho num artigo assinado pelo seu correspondente na Ásia, que as “greves na China [são] o sinal do fim da era dos baixos salários”. A mesma conclusão foi repetida por diversos órgãos de informação de outros países, nomeadamente dos Estados Unidos, e noticiada pela própria comunicação social oficial chinesa.

Esta conclusão estará certa? A ser verdade, terá repercussões mundiais importantes, nomeadamente para os trabalhadores de todo o mundo. Mas para chegar a essa conclusão será necessário ir mais longe do que a simples análise do movimento grevista deste 2010. Em qualquer caso, tudo aponta para que algo está a mudar no império dos baixos salários.

Estas questões estarão em debate no próximo Domingo em Braga, no Fórum Socialismo 2010.

Termos relacionados Política, Socialismo 2010
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