Santo Tirso

93 animais mortos em incêndio: processo vai a julgamento

13 de dezembro 2024 - 18:57

Cinco pessoas são acusadas de até 80 crimes de maus tratos a animais domésticos. Quase cem animais morreram em dois abrigos ilegais com incêndio proveniente de Valongo.

PARTILHAR
Manifestação por justiça contra os maus tratos animais
Manifestação por justiça para os animais que morreram nos abrigos ilegais. Fotografia de Luís Monteiro

O processo dos 93 animais mortos em 2020 num incêndio em Santo Tirso vai a julgamento. A decisão foi do Tribunal de Matosinhos e dará início ao julgamento nos exatos termos da acusação os arguidos do processo.

As arguidas Maria Alexandra Ferreira dos Santos e Ermelinda Maria Machado Ferreira dos Santos, são acusadas cada uma de 79 crimes de maus tratos a animais de companhia. Célia Maria Mendes da Fonte é acusada de 32 crimes e Maria José Rúbio dos Santos de apenas um. Por fim, Jorge Manuel Pinto Salústio é acusado de 80 crimes de maus tratos a animais de companhia, segundo a Lusa.

Em causa está a resposta a um incêndio proveniente de Valongo e que consumiu uma parte da floresta da Serra da Agrela, atingindo dois abrigos ilegais de animais. Na madrugada de 18 de julho, centenas de pessoas tentaram chegar ao “Cantinho das 4 Patas” para auxiliar os animais, mas foram impedidos pelo chefe da Guarda Nacional Republicana no local e pelas proprietárias, que se recusaram a dar acesso ao abrigo ilegal.

Outro abrigo, o “Abrigo de Paredes”, foi também atingido pelas chamas, estando sob a responsabilidade de Maria José Rúbio dos Santos. Jorge Salústio, o alvo do maior número de acusações no processo, era veterinário municipal, tendo acabado por se demitir devido às acusações de inação, uma vez que sabia da existência dos abrigos ilegais. É também alvo de um processo instaurado pela Ordem dos Veterinários.

A decisão do tribunal ocorreu após o debate instrutório que foi requerido pelo partido PAN e pela Associação Zoófila Midas. O caso resultou em várias queixas, mas o arquivamento do processo tinha sido pedido pelo Ministério Público até esse partido avançar um mês depois com o pedido de abertura da instrução do processo.

Na altura, o Bloco de Esquerda dirigiu uma pergunta ao ministério da Agricultura, Florestas e Desenvolvimento Rural sobre a questão. A então deputada Maria Manuel Rola considerou “inadmissível o laxismo e passa culpa de anos. Aqui há responsabilidades criminais, mas também políticas do poder local e central”.