83% das reuniões da Comissão Europeia sobre o TTIP são com multinacionais

14 de julho 2015 - 23:49

A Comissão Juncker segue assim o exemplo da Comissão Barroso, que também privilegiou as grandes multinacionais (88%), em detrimento dos grupos de interesse público, no que respeita aos encontros no âmbito das negociações sobre o Tratado Transatlântico. A denúncia parte do Observatório Corporativo Europeu (CEO).

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Foto Friends of the Earth.

Quando a atual Comissária Europeia para o Comércio tomou posse, em novembro de 2014, prometeu um “novo começo” nas negociações do TTIP, assinalando como sua prioridade um maior envolvimento da sociedade civil e uma maior auscultação dos grupos de interesse público.

Contudo, e segundo avança o Observatório Corporativo Europeu (CEO) num relatório publicado esta terça-feira, nos seus primeiros seis meses de trabalho, Cecilia Malmström reuniu apenas 22 vezes (16,7%) com grupos de interesse público, face aos 100 encontros (83%) que promoveu com lobistas empresariais. Ou seja, por cada reunião com representantes da sociedade civil, a Comissão Europeia promoveu nove encontros com grandes multinacionais e federações industriais.

Na realidade, tal como acontecera no mandato de Durão Barroso à frente da CE - durante o qual 88% das reuniões foram com multinacionais - os pontos fulcrais do TTIP mantiveram-se secretos e a CE continuou a ceder à pressão dos grandes interesses empresariais.

Os dados compilados pelo CEO dizem somente respeito, conforme assinala o Público espanhol, à face visível das pressões exercidas pelos lobistas, já que se baseiam na agenda pública sobre os encontros promovidos no âmbito das negociações do TTIP. Apenas os Comissários, os membros de gabinete e os diretores gerais são obrigados a registar as suas reuniões, o que não acontece com a restante equipa de negociação. Certo é, por outro lado, que muitos dos encontros promovidos com grandes multinacionais têm um caráter informal.

No relatório publicado esta terça-feira, o Observatório identifica alguns dos grupos de lobis que mais pressão exercem sobre a CE. Entre eles encontram-se, nomeadamente, o Conselho Empresarial Transatlântico (que representa mais de 70 empresas multinacionais com sede nos EUA e UE), o grupo de lobby farmacêutico EFPIA (que defende os interesses de gigantes farmacêuticas como Eli Lily, Pfizer, Novartis e GSK) e a Confederação das Empresas Suecas.