O programa Os Cantos da Casa iniciou a sua atividade no Esquerda.Net em 1 de dezembro de 2006.
Depois de mais de 16 anos de emissões regulares, atingiu agora a emissão nº 400.
Porém, este projeto de divulgação da música portuguesa através de programas de rádio é bastante mais antigo. Com este nome e anteriormente com outros.
No dia 1 de abril de 1987, ainda no tempo das rádios locais não autorizadas, este projeto, com o título de Viagens na minha terra, iniciou a actividade na Rádio Sociocultural de Ermesinde.
No dia 30 de março de 1988, passou a ser também transmitido no Rádio Clube do Porto sob o título de O Nosso Canto. A partir daqui o projeto passou a ser realizado pela equipa atual: desde o início esteve Octávio Fonseca, autor de livros sobre as obras de José Mário Branco, Carlos Paredes e José Afonso e da transcrição para notação musical de toda a obra publicada de José Afonso em colaboração com José Mário Branco, João Lóio e Guilhermino Monteiro; e Pedro Ramajal, que desde a juventude tratou de divulgar as canções que a censura não deixava passar, e cuja experiência de locutor e animador de rádio aproveita para dar a voz às emissões deste projecto.
Após a legalização das rádios locais, em 10 de setembro de 1989, começou a ser emitido na Rádio Nova, do Porto, já com o nome atual de Os Cantos da Casa. Em 1 de novembro de 1992, também com o nome de Os Cantos da Casa, passou a ser emitido a partir da Rádio Press, igualmente do Porto.
Das ondas da rádio à internet
Esta é, portanto, a terceira e mais longa vida do programa enquanto Os Cantos da Casa, pela primeira vez fora das ondas hertzianas.
A sua transmissão através da internet implicou naturalmente novos procedimentos e novos conceitos de formato.
Desde logo, por exemplo, o facto de ser possível ouvir as emissões em diferido, tornou irrelevante a repetição das canções em várias emissões. Por princípio, salvo as exceções de emissões especiais, as canções são transmitidas apenas uma vez.
Outra mudança teve a ver com a forma de realização. O programa foi sempre realizado em direto. Octávio Fonseca fazia a seleção, o alinhamento e os textos, que eram lidos por Pedro Ramajal. A partir da passagem para o Esquerda.Net essa divisão de tarefas continuou exatamente igual, só que os ficheiros das canções e os textos são enviados através de correio eletrónico para Pedro Ramajal, que grava a locução dos textos e faz a montagem das emissões.
O balanço desta longa atividade não é difícil de fazer. Se as canções são transmitidas apenas uma vez e considerando uma média de 17 canções por emissão, temos cerca de 7.000 canções que considerámos ter qualidade para serem divulgadas. Sem dúvida nenhuma, outras tantas não terão passado por falta de oportunidade.
Portanto, o nosso sentido de qualidade musical é completamente diferente do daqueles divulgadores de rádio que afirmam que na música portuguesa não há qualidade suficiente para preencher 50% do tempo de emissão.
O que mudou na música popular portuguesa?
Desde 1987, a evolução da música popular portuguesa foi tremenda.
Nessa altura, Portugal tinha já uma grande quantidade de excelentes instrumentistas, mas os excelentes compositores rareavam. A situação começou a alterar-se precisamente por essa altura. Começaram a aparecer cada vez mais criadores talentosos e os excelentes instrumentistas continuaram a aumentar de forma exponencial.
Em 1 de dezembro de 2006 a situação da música portuguesa era já extraordinária, ao contrário do que continuavam a pensar as aves agoirentas da comunicação social dominante.
Nesta terceira vida d’Os Cantos da Casa essa evolução continuou vertiginosa. Hoje em dia não passa uma semana sem surgir algo de novo e de surpreendente.
Mas a grande diferença e a grande mais-valia para a música portuguesa dos últimos anos, talvez seja a migração para a música popular urbana de excelentes criadores e intérpretes vindos das áreas da música erudita e do jazz. Está aí a razão de as surpresas se sucederem de forma tão continuada.