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24 gigantes multinacionais praticam greenwashing

Apesar de integrarem a iniciativa "Race to Zero", promovida pelas Nações Unidas, as empresas avaliadas cortaram somente 36% das emissões de gases com efeito de estufa, em vez dos 90-95% necessários, destaca o relatório do New Climate Institute e da Carbon Market Watch.
Fotografia por Miroslav Petrasko/Flickr.

No relatório, que analisa a transparência e integridade das metas de redução de emissões de gases com efeito de estufa (GEE) e de neutralidade climática das principais empresas a nível global, conclui-se que 24 das maiores e mais ricas empresas do mundo praticam greenwashing. Ou seja, transmitem uma imagem "amiga do ambiente" sem ações concretas nesse sentido além da publicidade.

A edição de 2023 do Monitor de Responsabilidade Climática Corporativa, citado pelo Jornal de Negócios, refere que as multinacionais têm uma receita conjunta acima de três mil milhões de euros e são responsáveis por cerca de 4% das emissões de GEE a nível global. A sua área de negócio vai desde o setor automóvel, moda, retalho, supermercados, alimentação e agricultura, tecnologia e eletrónica, transportes marítimos e aéreos e aço e cimento, e são oriundas de diferentes países.

O relatório denuncia que as gigantes multinacionais escondem a sua inação climática atrás dos seus "aparentes planos verdes de neutralidade climática e simplesmente não estão a fazer aquilo que prometem".

"Numa altura em que as corporações precisam de limpar o seu impacto climático e reduzir a sua pegada de carbono, muitas estão a explorar promessas enganosas net zero para dar uma lavagem verde à sua marca enquanto prosseguem com os negócios como habitualmente", enfatiza a diretora executiva da Carbon Market Watch, Sabine Frank, em comunicado.

"Esta perigosa procrastinação tem de parar. Uma vez que as multinacionais têm um elevado impacto no planeta e os meios para reduzir a sua pegada de carbono, devem tomar medidas reais para limpar a sua ação e não apenas a sua imagem, cortando as suas emissões", continua.

A edição de 2023 do Monitor de Responsabilidade Climática Empresarial aponta também que metade das empresas avaliadas, entre as quais a Apple, DHL, Google e Microsoft, estão a fazer alegações de neutralidade carbónica. No entanto, essas alegações dizem respeito a somente 3% das emissões dessas empresas. Acresce que três quartos das empresas planeiam compensar ou neutralizar uma parte significativa das suas emissões utilizando créditos de carbono provenientes de projetos florestais e outros projetos de utilização do solo.

"Não só estas soluções armazenam carbono apenas temporariamente e são vulneráveis a reversões, como também precisaríamos de um segundo planeta Terra para absorver emissões globais se todos decidissem compensar como estas empresas", alerta Sam Van den Plas, da Carbon Market Watch.

O relatório exorta os governos e a Comissão Europeia a regular de forma robusta o greenwashing empresarial.

ZERO lamenta “práticas perversas de greenwashing”

A ZERO, que integra a Carbon Market Watch, lamenta "as práticas perversas de greenwashing nos planos climáticos das grandes empresas globais".

“As promessas de zero emissões líquidas dão a impressão superficial de que as emissões vão cair para níveis nulos ou próximo disso", porém, "o relatório mostra-nos uma realidade bem diferente”, aponta a associação ambientalista.

A ZERO escreve ainda que, “neste horizonte temporal vital que vai até 2030, quando o mundo necessita de cortar em cerca de metade a sua pegada carbónica para manter o aumento da temperatura abaixo do limite relativamente seguro de 1,5º, as empresas avaliadas com objetivos assumidos para 2030 comprometem-se a reduzir em apenas 15% as suas emissões reais".

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