15 líderes oposicionistas detidos em Hong Kong

18 de abril 2020 - 22:01

Veteranos da luta pró-democracia, ex-deputados, advogados e até um milionário da comunicação social estavam entre os detidos. Enquanto isso os responsáveis pela ligação do governo chinês com a região questionam a sua autonomia.

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Protesto em Hong Kong em julho de 2019. Foto de Studio Incendo/Flickr.
Protesto em Hong Kong em julho de 2019. Foto de Studio Incendo/Flickr.

Com a chegada da Covid-19, a vaga de protestos em Hong Kong, que começou por ser contra a lei de extradição deste território para a China e passou a ter exigências democráticas mais amplas, parou. E também as detenções de membros da oposição tiveram tréguas.

Este sábado, estas tréguas parecem ter chegado a um fim abrupto. As autoridades de Hong Kong detiveram 15 ativistas da oposição acusados, sobretudo, de “assembleia ilegal” devido à participação em manifestações em 31 de agosto e 1 de outubro do ano passado. Vários dos detidos são famosos veteranos dos movimentos pró-democracia. Entre eles estão Martin Lee, fundador do partido democrático, Jimmy Lay, milionário detentor do jornal Apple Daily, Albert Ho, dirigente Aliança de Hong Kong de Apoio aos Movimentos Democráticos Patrióticos da China, Lee Cheuk-yan, ex-deputado e fundador do Partido Trabalhista, e Au Nok-hin, outro ex-deputado.

Segundo o representante da polícia, Lam Wing-Ho, mais prisões podem vir a seguir-se a estas e pelos mesmos motivos.

Leung Kwok-hung, líder da Liga dos Social Democratas, conhecido como o “cabelos compridos”, que também estava entre os detidos, tinha já sido notícia há dois dias por ter sido apunhalado durante um protesto à porta do Gabinete de Ligação entre Beijing e Hong Kong, enquanto falava a um repórter da RTHK. Não sofreu ferimentos graves e o atacante foi detido.

Estes protestos ocorreram na sequência de uma série de declarações inéditas por parte de responsáveis governamentais chineses que colocam em causa a autonomia da região. O Gabinete para os Assuntos de Hong Kong e de Macau, que supervisiona estas regiões que estiveram sob administração inglesa e portuguesa, assumiu estar “autorizado pelas autoridades centrais para lidar com os assuntos de Hong Kong”, uma tomada de posição que parece assumir a violação do estatuto de autonomia. E Luo Huining, diretor do Gabinete de Ligação entre Beijing e o governo central, dissera já esta semana que “um alto grau de autonomia não é autonomia completa”, “apelando” a um reforço da leis de segurança.

Por sua vez, os movimentos da oposição dizem que o governo de Beijing procura aproveitar a altura em que as atenções mediáticas estão concentradas na pandemia de Covid-19 para atingir o movimento. É o que pensa Johnny Lau. Citado pelo Guardian, o ativista declara que “aos olhos de Xi Jinping isto é uma oportunidade para baralhar as cartas e fazer valer a sua narrativa.”