Mais de um milhão dizem os organizadores. Bem menos retorque a polícia. O habitual jogo dos números não apaga a evidência. No primeiro dia de 2020 esteve uma multidão nas ruas de Hong Kong em defesa da democracia e dos famosos “cinco pontos”: reforma eleitoral, amnistia para os participantes nas manifestações, investigação ao uso da força policial, retirada da acusação de “distúrbios” e retirada total da lei de extradição.
Já o número de detidos avançado pela polícia não deverá ser contestado: foram 400, acusados de “ajuntamento ilegal e posse de armas ofensivas”, segundo o chefe da polícia Jim Ng.
O dia ficou marcado quer pelo disparo de gás lacrimogéneo e canhões de água por parte da polícia, quer pelas barricadas e lançamento de dispositivos incendiários artesanais por parte de alguns dos manifestantes. A maioria esmagadora destes, ainda segundo as próprias autoridades, não causou distúrbios. Os problemas voltaram a começar numa sucursal do banco HSBC. Este é acusado de ter denunciado à polícia uma conta de recolha de fundos para os protestos, levando à prisão de quatro pessoas.
Isto significou o fim do protesto oficial, marcado pela Frente Civil dos Direitos Humanos, por ordem da polícia. Mas não quis dizer o fim da manifestação já que as pessoas continuaram a desfilar nas ruas. As autoridades viram aí uma razão para prender manifestantes e acusá-los de “ajuntamento ilegal”. Com o cair da noite, houve ainda mais confrontos. Passaram a ser cinco as filiais do HSBC partidas. E também um Starbucks foi atacado. Mais uma vez, porque a filha do dono da empresa que detém a concessão desta marca em Hong Kong tem feito declarações contra o movimento pró-democracia.
Na véspera, por razões de segurança, o tradicional fogo de artifício foi cancelado por razões de segurança e substituído por um espetáculo de luz e música. Mas nada conseguiu impedir que o momento da passagem do ano fosse marcado pela contagem: “dez, nove, liberdade para Hong Kong, revolução do nosso tempo!”