Sudão

A guerra no Sudão só tem dois desfechos possíveis: Ou as Nações Unidas assumem finalmente a sua responsabilidade, ou o país caminha para a divisão.
 

Gilbert Achcar

A ONU diz que se vive no Sudão uma “crise humanitária sem precedentes” e que é cada vez mais difícil fazer a ajuda chegar às populações.

Em abril, o mundo brevemente prestou atenção à guerra civil entre os dois chefes militares do país. Depois disso, o conflito entrou no esquecimento mediático. Entretanto, morreram mais de 120.000, metade do 48 milhões de habitantes precisam de ajuda humanitária e há 7,1 milhões de deslocados.

As forças leais a dois generais continuam a disputar o país enquanto há milhares de mortes. A Unicef veio esta segunda-feira dizer que morreram 435 crianças. Calcula-se que haja mais três milhões de refugiados e que quase metade da população já esteja a sofrer com a fome.

No Sudão, inúmeros Comités de Resistência surgiram de “baixo para cima” e resistiram à repressão do regime militar e à guerra, como explica nesta entrevista “Hourria”, uma jovem investigadora da Universidade de Cartum.

Há cinco anos, uma revolução pacífica cercou os quartéis, mas não foi capaz de tomar o poder. Agora, chefes militares de um regime oligárquico guerreiam nas ruas, depois de perder o petróleo do Sul e de esmagar a revolta na região do Darfur. Por Alex de Waal.

Em entrevista, Gilbert Achcar explica que seria simplista representar o conflito no Sudão como uma guerra por procuração e como este se conjuga com as esperanças de democracia na região.

Nesta entrevista, o porta-voz do Partido Comunista Sudanês, Fathi El Faddiz, diz que os confrontos dos últimos dias parecem "uma guerra por procuração entre o Egito e a Etiópia".