Tribunal considera Aurora Dourada uma organização criminosa e condena dirigentes

07 de October 2020 - 11:53

Após cinco anos de julgamento, o tribunal grego conclui que o partido de extrema direita funcionava como uma organização criminosa, condenando os seus líderes e restantes membros, incluindo o autor do assassinato do rapper Pavlos Fyssas.

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Nikos Michaloliakos, líder do Aurora Dourada
Nikos Michaloliakos, líder do Aurora Dourada. Foto de STR, EPA/Lusa - Arquivo.

Sete dos arguidos, entre os quais o líder do partido, Nikos Michaloliakos, foram considerados culpados de liderarem uma organização criminosa, enquanto sob os restantes membros pesa uma condenação por participarem nessa mesma organização.

No banco dos réus sentaram-se 68 pessoas pertencentes ao partido neonazi fundado na década de 1980, que consolidou a sua presença no sistema político, apesar do envolvimento em assassinatos e do julgamento da sua direção por associação criminosa. O Aurora Dourada tornou-se o terceiro maior partido da Grécia no Parlamento durante a crise financeira. Apenas 11 dos 68 arguidos estiveram presentes no tribunal. Nenhum dos dirigentes da Aurora Dourada esteve presente.

Neste julgamento esteve em causa o esfaqueamento fatal do cantor de rap grego Pavlos Fyssas, ataques a pescadores migrantes, ataques a ativistas de esquerda e se a Aurora Dourada funcionava como uma organização criminosa.

De acordo com a Associated Press, os vereditos começaram a ser lidos pouco depois das 11h30. Giorgos Roupakias foi condenado pelo assassinato de Fyssas. A mãe de Pavlos Fyssas dirigiu-se à multidão e gritou “Pavlos, venceste-os”. A multidão começou a aplaudir.

Nikos Michaloliakos e 17 outros ex-parlamentares podem ser condenados a, pelo menos, 10 anos de prisão por liderarem ou pertencerem a uma organização criminosa. Dezenas de outros arguidos, membros e apoiantes do partido, enfrentam condenações por acusações que variam de assassinato a perjúrio, a maioria associada a uma série de ataques violentos em 2013.

Capa do jornal do partido Syriza esta quarta-feira.

Mais de 15.000 pessoas aguardavam a leitura dos vereditos à porta do tribunal, ostentando faixas com palavras de ordem como "Fyssas vive, esmague os nazistas" e exigindo prisão para os nazis.

Impacto do veredito será sentido muito além das fronteiras da Grécia

O grupo de direitos humanos Amnistia Internacional afirmou que o veredito irá aumentar os esforços daqueles que tentam processar crimes de ódio.

“As acusações contra os líderes e membros da Aurora Dourada, incluindo o assassinato de Pavlos Fyssas, expõem uma fissura que não existe apenas na Grécia, mas em toda a Europa e além”, frisou Nils Muiznieks, diretor europeu da Amnistia.

O impacto deste veredito, naquele que é um julgamento emblemático de um partido de extrema-direita com uma postura agressiva anti-migrante e anti-direitos humanos, será sentido muito além das fronteiras da Grécia”, acrescentou.

O medo não pode ganhar!”

Na terça-feira teve lugar uma iniciativa pela condenação dos nazis da Aurora Dourada, que contou com a presença dos eurodeputados do Bloco Marisa Matias e José Gusmão.

Após a divulgação do veredito, Marisa Matias escreveu na sua conta de Twitter que “a sentença da Golden Dawn é uma decisão histórica não só para a Grécia, mas também para a Europa e para a Democracia”.

O medo não pode ganhar!”, lê-se na publicação.

 

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