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Sistema de deteção automática de notícias falsas criado no Porto

O projeto elaborado pelo INESC TEC utiliza uma centena de indicadores para detetar fake news.
Fake News. Ilustração de GDJ/wikimedia commons.
Fake News. Ilustração de GDJ/wikimedia commons.

Investigadores do Instituto de Engenharia de Sistemas e Computadores, Tecnologia e Ciência estão há três anos a trabalhar no projeto “Detecting Fake News Automatically”. O seu objetivo é detetar notícias falsas nas redes sociais de modo automático.

A investigação vem na sequência de uma pesquisa anterior, o projeto REMINDS, na qual se procurava detetar automaticamente conteúdo relevante publicado nas redes sociais.

O passo seguinte, explicou à Lusa Álvaro Figueira, um dos responsáveis pelo projeto, foi encarar “o problema das ‘fake news’” que “ganhou uma nova dimensão depois do impacto que elas tiveram nas eleições norte-americanas de 2016”. “Um dos fatores para que as ‘fake news’ tenham um alcance significativo é o facto de os utilizadores que acreditam nelas as propagarem pela sua rede”, mas “se conseguirmos que alguns desses utilizadores verifiquem a publicação no nosso sistema, então estamos a dissuadir e mitigar a sua difusão”, acredita o professor na Faculdade de Ciências da Universidade do Porto.

O sistema utiliza mais de cem indicadores, dos quais fazem parte marcadores psicolinguísticos, por exemplo o estado emocional subjacente ao texto, e estatísticos, por exemplo a frequência de adjetivos, e técnicas e métodos, como data mining, aprendizagem automática, processamento de linguagem natural, reconhecimento de entidades mencionadas para “aprender” automaticamente a “classificar com uma certa probabilidade se a nova publicação é ‘fake news’ ou não”.

Um dos problemas que enfrenta uma classificação automática deste género é a mudança de contexto: “uma ‘fake news’ num contexto político tem algumas propriedades textuais e lexicais de uma ‘fake news’ num contexto da saúde” e “uma ‘fake news’ que foi publicada há um ano pode não ter as mesmas propriedades que uma que foi publicada hoje”, exemplifica.

A pandemia também trocou as voltas ao que era habitual ser criado. Por isso, diz Álvaro Figueira, é “um caso de estudo muito interessante no universo das ‘fake news’”, que acredita que o sistema que ajudou a desenvolver “será capaz de adaptar-se e detetar fake news em qualquer domínio, contribuindo para a mitigação deste tipo de conteúdos nas redes sociais”. Segundo anunciou a Comissão Europeia, no princípio deste mês, circularam mais de 2700 publicações diárias com informação falsa sobre a covid-19.

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