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Patrões do Minipreço “convidam” trabalhadores a sair e externalizam serviços

A Comissão de Trabalhadores do grupo Dia Portugal diz que “em abril fomos os super-heróis” mas “hoje os trabalhadores veem o seu emprego em risco”.
Carrinhos de Supermercado do MiniPreço. Foto de Polycarts/Flickr.
Carrinhos de Supermercado do MiniPreço. Foto de Polycarts/Flickr.

De acordo com a Comissão de Trabalhadores do Grupo Dia Portugal, “estão a ser chamados dezenas de trabalhadores, no sentido de receberem 'convites" de saída' da empresa. Em nota enviada à comunicação social, a estrutura representativa dos trabalhadores da rede que detém as lojas Minipreço e Clarel, queixa-se que, apesar dos “lucros consideráveis” que as cadeias de distribuição estão a ter, “não há atitudes e gestos de compensação e retribuição pelos esforços e consequente desgaste neste ano de pandemia”.

“Em abril fomos os super heróis, hoje os trabalhadores veem o seu emprego em risco”, afirmam. Isto porque apesar da representante da Administração, Mónica Correia, ter garantido que não há nenhuma reestruturação em curso, “estão a ser chamados dezenas de trabalhadores, no sentido de receberem 'convites' de saída”.

A Comissão de Trabalhadores diz que o Serviço de Atendimento ao Cliente, “e provavelmente outros serviços”, estão em vias de serem transferidos para empresas externas. A “terceirização de serviços em grande escala”, alertam, vai ter consequências “dramáticas” como a baixa considerável dos salários e uma maior precarização.

Os trabalhadores acusam também a administração de “gestão agressiva” por não oferecer “os meios/recursos necessários para um desempenho digno das tarefas”, fazendo indiretamente “constantes ameaças de procedimentos disciplinares aos trabalhadores”.

Injeção de dinheiro de milionário russo

O grupo DIA internacional opera uma rede de 6.200 lojas em Espanha, Portugal, Brasil e Argentina. De origem espanhola, é atualmente o dinheiro russo que a faz mexer. No final do mês passado, a empresa anunciou, segundo a Lusa, uma injeção de 500 milhões de euros e o sucesso na negociação do adiamento do vencimento dos empréstimos mais significativos.

A LetterOne, fundo que controla 76% das ações e que é dominado pelo milionário russo Mikhail Fridman, entrou no grupo em 2018 quando este estava em falência técnica. Conseguiu agora por acordo a redução de 40% das suas dívidas não vendo vencer dívidas significativas nos próximos cinco anos. Isto “proporciona ao grupo uma base de capital sólida e estável que apoia a prossecução com êxito da nossa transformação de negócio”, segundo declarou Stephan DuCharme, presidente executivo do grupo DIA, citado pela agência noticiosa nacional.

Este responsável disse então pretender reforçar a linha de crescimento das vendas já seguida em 2020, depois da empresa ter reduzido em 51,3% as perdas nos primeiros nove meses deste ano em comparação com igual período do ano passado e das vendas terem aumentado 2,2%. A Argentina liderou este crescimento com 17,3%, Em Espanha as vendas subiram 4,9%.

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