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Ofertas de emprego em valores mais baixos que na crise de 2008

Número de desempregados inscritos em maio ultrapassou a fasquia dos 400 mil, uma subida de 4.2% em relação a abril, mês em que havia apenas pouco mais de três mil novas ofertas de emprego no IEFP.
IEFP
Foto de Rodrigo Batista | Lusa

A crise da pandemia da covid-19 está a provocar grandes estragos no setor laboral. As ofertas de emprego reduziram-se significativamente no mês de abril e as propostas de salário não ultrapassam os 635 euros. Houve um aumento de 4,2% dos desempregados de abril para maio, com mais 16.611 inscritos. Se a comparação for feita com maio de 2019, ficam bem à vista os efeitos da pandemia sobre o emprego: estão inscritos mais 103.763 desempregados.

Segundo o Diário de Notícias, o Instituto de Emprego e Formação Profissional registou no mês de abril 392 mil desempregados e só 3.142 novas ofertas de emprego, mas no final do mês de maio o número de desempregados já tinha aumentado até 408.943. Sobre o mês de abril, trata-se de uma redução da oferta de emprego de 70% em comparação com o período homólogo do ano passado. A crise financeira de 2008 nunca registou números tão baixos.

Com o fim do regime de lay-off simplificado, o aumento de desempregados pode gerar mais propostas de salários baixos. No site do IEFP há vários exemplos de propostas de emprego com baixos salários. Por exemplo, uma entidade está a recrutar um especialista em trabalho social, que exige uma formação de nível superior, por 635 euros. O professor da Universidade do Minho João Cerejeira afirmou ao DN que “é natural que aconteça alguma depreciação salarial por via da pressão do aumento do desemprego", lembrando que o desemprego pode atingir os 10%.

Por sua vez, José Reis, diretor da Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra, afirma que a redução dos salários “é um cenário possível e que pode corresponder a um decréscimo da atividade económica" e aponta o regime de lay-off, que abrangeu quase 850 mil trabalhadores, como um prenúncio do desemprego. Denuncia que “pode haver empresas que depois de receberem os apoios públicos aproveitem para se libertar de mão-de-obra e de custos salariais".

Para José Reis, o combate a esta nova vaga do desemprego deveria passar pela reindustrialização e o aumento das exportações através da produção nacional.

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