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O Porto parou para lutar pela escola pública

99% de adesão à greve segundo a Fenprof e milhares de professores reunidos na Avenida dos Aliados marcaram o final da ronda de greves distritais. O encontro ficou marcado agora para a manifestação nacional do próximo sábado. No protesto, Catarina Martins diz que esta “é a luta de todos”.
Professores em protesto na Avenida dos Aliados, Porto. Foto de JOSÉ COELHO/LUSA.

A greve de professores rotativa por distritos chega ao fim esta quarta-feira no Porto com “a maior adesão do total de 18 dias de protesto”. A Fenprof reivindica uma adesão de 99%

Para além desta greve promovida por oito sindicatos de professores, chega igualmente ao fim a que o Sindicato Independente de Professores e Educadores estava a promover desde o início do segundo período ao primeiro tempo letivo de cada professor. A dirigente desta organização, Júlia Azevedo, junta-se à manifestação nacional de professores do próximo sábado e diz à Lusa que “os professores estão unidos e não vão desistir das suas reivindicações”. Mantém-se, entretanto, a greve “por tempo indeterminado” do Sindicato de Todos os Profissionais de Educação, que abrange professores e funcionários não docentes das escolas, e para a qual foram decretados serviços mínimos que este sindicato garante cumprir mas avisa que os vai contornar “com formas criativas”.

Para além da greve, havia manifestação na Avenida dos Aliados onde milhares se concentraram. Foi aí que Mário Nogueira, o secretário-geral da Fenprof garantiu que “a determinação destes professores e a vontade de continuar a lutar são extraordinárias e isto não vai parar enquanto o Governo não der resposta aos problemas dos professores”.

Os sindicato acusam o executivo de “falta bom senso” e “falta capacidade para perceber” as exigência dos docentes que “não estão aqui porque querem ter privilégios. Estão aqui porque querem ser respeitados”.

A luta dos professores é a luta de todos”

Depois de já ter estado na manifestação de terça-feira, em Viseu, Catarina Martins fez questão de voltar a marcar presença na luta dos professores porque “a luta dos professores é a luta de todos.”

A coordenadora bloquista fala num quadro em que “o corpo docente em Portugal está muito envelhecido” e “as novas gerações têm fugido de serem professores porque sabem que as condições são muito difíceis”. Insiste assim que “há tantos jovens sem professores porque faltam professores em Portugal” e não “por causa da greve”.

Catarina Martins na manifestação dos professores. Foto de Pedro Faria.

Num tal cenário, “é absolutamente irresponsável manter os salários tão baixos, a enorme precariedade, o não pagar as despesas de deslocação, o não permitir a progressão da carreira dos professores”. A dirigente partidária acrescenta também nas suas preocupações todos os outros “trabalhadores da escola pública porque a escola é feita de professores e de outros trabalhadores e são eles também que estão a lutar”. Assim, a sua solidariedade estende-se a todas as pessoas que estão a lutar pela escola pública que “é uma condição de futuro, de desenvolvimento”.

Também em Sintra houve manifestação

Esta quarta-feira também foi de concentração “pela escola pública” dos professores de Sintra. O ponto de encontro foi a estação de comboios da Portela de Sintra pela manhã e várias centenas estiveram presentes.

Sara Barbosa, uma das organizadoras do protesto e professora na Escola Secundária de Santa Maria, explicou ao Esquerda.net que “neste momento com as dificuldades que estão a ser postas aos professores, não há professores” e há “uma série de remendos que estão a ser feitos nas escolas” que “em vez de serem locais de criação de pensamento, de reflexão e de um futuro melhor” estão reduzidas a ser “assistência social”.

Esta docente reforça que a luta “é também pela dignidade da profissão de professor” e “por uma melhor qualidade de ensino nas escolas”.

E continuam igualmente a acontecer ainda várias outras mobilizações em todo o país, outro exemplo foi uma greve de “cerca de 100%” dos professores do Agrupamento de Escolas do Trancoso, no distrito da Guarda, esta quarta-feira, escreve o jornal O Interior. No dia anterior, dezenas de professores do Algarve tinham voltado a juntar-se, desta feita no Mercado Municipal de Faro. O Postal do Algarve refere que, para além dos docentes do Agrupamento de Escolas Pinheiro e Rosa que a convocaram, “a vigília contou com a presença de professores de outros agrupamentos e também de vários técnicos especializados, alunos e encarregados de educação”.

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