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Netanyahu forma governo com a extrema-direita em Israel

Na última hora do prazo dado pelo Presidente, Netanyahu anunciou o acordo que dará pastas importantes à extrema-direita utrarreligiosa.
Foto Sgt. Jack Sanders/Dep. Defesa EUA/Flickr

Faltavam poucos minutos para acabar o prazo dado peo presidente israelita Isaac Herzog quando Benjamin Netanyahu anunciou nas redes sociais: "Consegui". As eleições foram a 1 de novembro e deram uma maioria ao bloco constituído pelo seu partido Likud e aos partidos da extrema-direita religiosa, que viram a sua posição reforçada no Knesset. Seguiram-se várias semanas de negociações com vista à formação do governo mais à direita de sempre no país.

Político veterano, Netanyahu é o primeiro-ministro que mais tempo esteve à frente do executivo, entre 1996 e 1999 e entre 2009 e 2021. A sua carreira política parecia comprometida nos últimos anos por causa de acusações de corrupção e da derrota após as eleições de 2021, ao não conseguir um número suficiente de deputados para formar uma maioria. Estas foram as quintas eleições em quatro anos e realizaram-se num contexto de escalada da violência na ocupação da Palestina, com mais de dois mil ataques do exército na Cisjordânia, provocando mais de 120 mortos, o número mais elevado de vítimas palestinianas registado dos últimos sete anos.

Dois nomes proeminentes no novo executivo de Netanyahu são o líder políticos da aliança Sionismo Religioso: Bezalei Smotrich, um político declaradamente homofóbico e apoiante dos colonos, será ministro das Finanças e responsável pelos colonatos ilegalmente construídos, o que inclui o poder para autorizar a sua expansão e a autoridade sobre as unidades militares nos territórios ocupados; e Ben Gvir, um político já condenado por incitamento ao racismo e apoio a organização terrorista e que será o ministro responsável pela segurança nacional, controlando a polícia e a força que controla a segurança na mesquita de al-Aqsa. Uma das exigências feitas por Gvir foi a de uma lei de imunidade para polícias e soldados, que tem sido criticada pelos próprios militares por os colocar numa posição mais suscetível de virem a ser julgados pelo Tribunal Penal Internacional.

Para a pasta da "Identidade Judaica" foi escolhido Avi Maoz, do partido anti-LGBT Noam, como ministro adjunto, com poder sobre o sistema de educação. Maoz é um apoiante das chamadas "terapias de conversão" e feroz opositor da presença de mulheres no exército.

Quanto ao líder o partido ultre-ortodoxo Shas, Aryeh Deri, ficou-lhe reservada a pasta da saúde, apesar de o Procurador Geral do país insistir que não pode fazer parte do Governo por causa das condenações por crimes fiscais que pesam no seu cadastro.

Segundo o Middle East Eye, na agenda do novo executivo está justamente a questão dos problemas com a justiça, com uma reforma legal no sentido de dar aos deputados o direito de recusarem as decisões do Supremo Tribunal, bem como outras alterações à lei que podem colocar um ponto final ao julgamento de Netanyahu por corrupção.

"Ben Gvir e Smotrich formaram o governo mais extremista da história de Israel", acusou o primeiro-ministro cessante, Yair Lapid, citado pelo Haaretz. A tomada de posse do novo executivo deve acontecer na próxima semana e para segunda-feira está prevista a votação da "lei Deri", que permitirá ao líder do Shas entrar no governo mesmo tendo sido condenado por crimes fiscais no início do ano. Seguir-se-à votação da chamada "lei Ben Gvir", que fará o chefe da polícia passar a estar subordinado ao novo ministro da extrema-direita.

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