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“Não há desculpa para não prevenir já uma segunda vaga"

Dotar o setor social de mais meios, formação e fiscalização e criar um programa de rastreio para populações vulneráveis são duas das propostas lançadas esta quinta-feira por Catarina Martins durante a visita a um centro de apoio à terceira idade em Matosinhos.
Catarina Martins e José Soeiro à saída de uma visita ao Centro de Apoio à Terceira Idade em Matosinhos.
Catarina Martins e José Soeiro à saída de uma visita ao Centro de Apoio à Terceira Idade em Matosinhos. Fotografia de esquerda.net.

O número de desempregados inscritos no Instituto de Emprego e Formação Profissional (IEFP) aumentou em cerca de 0,2% face ao mês anterior, estando agora nos 407 mil. Já o número de famílias em que ambos os elementos do casal estão no desemprego subiu 22% se comparado com os valores de julho de 2019. Para Catarina Martins, coordenadora do Bloco de Esquerda, estes dados “não são infelizmente uma surpresa”. 

“Sabíamos que íamos ser confrontados com um desemprego a crescer pela crise económica que estamos a viver”, comentou em declarações aos jornalistas após uma visita ao Centro de Apoio à Terceira Idade em Matosinhos. 

“Neste momento para o Bloco de Esquerda é essencial discutir como é que o país se prepara para esta nova fase”, lembrando que estamos perante a iminência de uma segunda vaga “que não é apenas sanitária, é uma crise económica e social”. 

Para melhor responder a essa nova vaga, será necessário agir sobre o que correu mal até agora, mas é também preciso “que tenhamos outras respostas”, insistindo que "sabemos que vai ser difícil, não há desculpa para não prevenir já”. Para tal, Catarina Martins defende a necessidade de preparar as instituições que acolhem pessoas com dependência com “mais meios, mais formação, mais fiscalização e mais responsabilização”.  

No setor social, para já e "para impedir mais tragédias, é preciso testar toda a gente, como foi feito com as creches”. 

"Portugal precisa de um programa de testagem vocacionado para a população mais vunerável" uma vez que "tivemos casos trágicos em Portugal e sabemos que temos a enorme responsabilidade de prevenir já para que não se repitam tragédias e para que o outono não seja um problema”.

O Bloco de Esquerda há muito que tem vindo a criticar a forma como o setor dos cuidados tem sido esquecido, considerando que o Estado tem de ter capacidade para dar respostas, não as entregando exclusivamente ao setor social. Entre outras coisas, Catarina Martins referiu a necessidade de investir no apoio domiciliário. “Há toda uma mudança no setor dos cuidados para fazer, há todo um investimento para fazer”. 

Além disso, Catarina Martins aproveitou para lembrar que o partido defendeu “desde o início que os apoios à economia deviam ser mais fortes na proteção do emprego e do salário”, apoios esses que não tiveram até ao momento a força necessária.

“Consideramos que o país deve ter mecanismos mais fortes para apoiar quem perdeu o emprego, o seu rendimento. A responsabilidade é não deixar ninguém para trás”, defende. 

“Um país que tem tido tanta disponibilidade financeira para alguns setores económicos que têm sido dilapidadores da nossa economia, como é o sistema financeiro, tem de ter agora capacidade económica para apoiar o emprego, o salário e quem perdeu o emprego”, concluiu.

Ainda nas declarações à comunicação social, Catarina Martins revelou que logo no início da pandemia, cerca de quatro mil profissionais da área do turismo voluntariaram-se para esses empregos e “não lhes foi dado um contrato de trabalho”.

“Logo na primeira fase da pandemia houve cerca de quatro mil pessoas que tinham perdido o emprego no turismo que se voluntariaram nos centros de emprego para trabalhar no sector social e na altura não lhes foi dado um contrato de trabalho. Foram como uma espécie de bolseiros para o subsídio de desemprego”, afirmou. 


Artigo editado às 14:39 para incluir as declarações sobre os trabalhadores da área do turismo.

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