You are here

Mia Couto e Agualusa confrontam o machismo nos palcos portugueses

A peça “Chovem amores na Rua do Matador” será interpretada de norte a sul do país no mês de julho. Relata a história de uma “rutura com práticas herdadas nas relações de género” em que as mulheres passam a questionar as tradições machistas.
Pormenor do cartaz da peça.
Pormenor do cartaz da peça.

A peça “Chovem amores na Rua do Matador” vai ser exibida entre 30 de junho e 30 julho em 12 municípios portugueses. Parte de um conto escrito por Mia Couto e José Eduardo Agualusa e assume-se como um confronto com o machismo.

Sobe assim a palco de norte a sul do país, a história de Baltazar Fortuna e das três mulheres com as quais se relacionou, Mariana Chubichuba, Judite Malimali e Ermelinda Feitinha, e das quais esperava uma submissão que já não encontrou. O espetáculo apresenta-se como o “conflito entre um Moçambique periurbano, que hesita entre um lastro de tradições e práticas ancestrais cristalizadas nas mentalidades masculinas dominantes; e um novo país, de demografia galopante, prenhe de jovens que, a cada dia, se revêm menos nas estruturas culturais herdadas e nas práticas sociais que elas impõem”.

À Lusa, os co-encenadores Vítor Gonçalves e Maria Clotilde explicam isso mesmo. É uma peça que fala aos jovens porque é essa a realidade moçambicana: mais de metade dos habitantes do país “tem menos de 20 anos” e são estes que “herdam as estruturas mentais” submetidas ao machismo. O próprio conto relata portanto a história de uma “rutura com práticas herdadas nas relações de género” em que as mulheres passam a questionar as tradições machistas.

Em entrevista ao Sol, Mia Couto destaca outra dimensão do espetáculo que mostra que “o teatro moçambicano é hoje uma das formas de artes mais vivas e interventivas em Moçambique”, sendo “importante os portugueses irem ver este trabalho, porque me parece que devemos pôr fim a este desconhecimento que temos daquilo que vamos fazendo no espaço da nossa língua comum”.

A peça é produzida pela Fundação Fernando Leite Couto, interpretada por Angelina Chavango, Horácio Guiamba, Joana Mbalango, Josefina Massango e Violeta Mbilane e em algumas das apresentações vão existir também conversas com os autores do conto.

Datas:

30 de junho a 02 de julho, Cine-Teatro Louletano, Loulé.

05 a 07 de julho, Teatro Garcia Resende (companhia anfitriã: Cendrev - Centro Dramático de Évora), Évora.

08 e 09 de julho, Teatro Lethes (ACTA – A Companhia de Teatro do Algarve), Faro.

11 e 12 de julho, Teatro Estúdio da Covilhã (Teatro das Beiras), Covilhã.

13 e 14 de julho, Teatro da Cerca de São Bernardo (Escola da Noite), Coimbra.

15 e 16 de julho, Município do Seixal.

17 de julho, Akassá produções, Setúbal.

19 e 20 de julho, Festival de Teatro de Serpa (Teatro Baal).

21 e 22 de julho, Sala Estúdio do Teatro da Rainha (Teatro da Rainha), Caldas da Rainha.

23 de julho, Centro de Artes da Figueira da Foz.

27 de julho, Teatro Viriato, Viseu.

28 a 30 de julho, Fórum Romeu Correia, Almada.

Termos relacionados Cultura
(...)