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Lançado movimento contra torre de 60 metros nos terrenos da Portugália

Movimento "Stop Torre 60m Portugália" insurge-se contra projeto de uma torre em Lisboa que "descaracteriza" e cria "uma violenta área de sombra" na zona da Avenida Almirante Reis. Consulta pública do projeto foi prolongada até 24 de maio e já pode ser feita online. Nos próximos dias haverá também dois debates abertos ao público.
Imagem Stop Torre 60m Portugália/Facebook.
Imagem Stop Torre 60m Portugália/Facebook.

Um grupo de cidadãos lisboetas lançou um movimento contra o projeto de uma torre de 60 metros nos terrenos da antiga fábrica de cerveja Portugália, onde se mantém a conhecida cervejaria do mesmo nome, em pleno coração de Lisboa na Avenida Almirante Reis.

O movimento "Stop Torre 60m Portugália" apresenta-se como um "conjunto de moradores de Arroios e cidadãos e amigos de Lisboa" e reclama-se "independente de partidos políticos". Apesar de se declarar favorável à requalificação da área e reconhecer "potencialidades associadas a uma intervenção integral naquele espaço", opõe-se ao projeto Portugália Plaza nos moldes em que está previsto, particularmente à torre projetada.

Os cidadãos argumentam que uma torre de 16 andares e 60 metros "descaracteriza e fere a identidade arquitetónica dos bairros envolventes". Além disso, ela introduziria uma "agressiva interferência no sistema de vistas" que vai prejudicar as perspetivas "dos Miradouros da Penha de França, do Monte Agudo e do futuro Jardim do Caracol da Penha" e também "no vale da Almirante Reis". Por fim, ela criaria "uma violenta área de sombra sobre as casas e ruas circundantes, diminuindo consideravelmente a qualidade da vivência da população residente e visitante".

A Associação Portuguesa de Arquitetos Paisagistas também se manifestou contra o projeto. João Ceregueiro, vice-presidente da APAP, manifestou à Agência Lusa "forte preocupação" com o precedente da "criação de edifícios em altura em zonas consolidadas" que "vão destruir progressivamente o valor" da paisagem da cidade, pois esta "vale pela leitura do vale e das colinas". "De um momento para o outro, sem haver uma justificação, temos ali um edifício de 16 andares que destrói tudo aquilo que é uma paisagem regular, homogénea e que os lisboetas aceitam como sendo parte da sua cultura e da sua maneira de ver a cidade", afirmou. No seu entender, há outras zonas da cidade com capacidade para acolher construção em altura, como Benfica, Chelas ou o Parque das Nações. Ceregueiro criticou também a comunicação pouco clara da CML e uma política de factos consumados, relembrando o hospital CUF Tejo em Alcântara, que "praticamente apareceu, surgiu e os lisboetas viram aquilo crescer sem haver um debate e uma discussão pública aberta".

O projeto Portugália Plaza continua em fase de consulta pública, que esteve para terminar a 13 de maio mas foi entretanto prolongada até 24 de maio, final da próxima semana — a consulta pública é obrigatória porque o projeto ultrapassa as regras do Plano Diretor Municipal para a zona. Até essa data, os cidadãos podem continuar a verificar os planos na Junta de Freguesia de Arroios e no edifício da Câmara de Lisboa no Campo Grande. Desde esta semana, tornou-se também possível consultar os planos online no site da CML.

O movimento Stop Torre 60m convida os interessados a assinar uma petição que vai lançar nos próximos dias em papel com as suas posições, para apresentar à Assembleia Municipal de Lisboa. Entretanto, nos próximos dias haverá dois debates públicos sobre o Portugália Plaza promovidos pela CML: esta quinta-feira, 16 de maio, pelas 18h30 no auditório da sede da Ordem dos Arquitetos; e na próxima terça-feira, 21 de maio, também pelas 18h30, no Mercado do Forno do Tijolo.

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