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Insolvência da Azincon lança cerca de centena e meia para o desemprego

A fábrica têxtil de Vila do Conde não pagou salários em julho e não vai pagar agosto. Trabalhadoras receberam entretanto cartas de despedimento mas garantem que havia trabalho e encomendas.
Máquina de costura. Foto de Oleg Green/Flickr.
Máquina de costura. Foto de Oleg Green/Flickr.

A Azincon de Vila do Conde, conhecida como a “Fábrica das Camisas”, pediu insolvência, alegando, para além das perturbações específicas da pandemia, um prejuízo de mais de 250 mil euros e “problemas que se arrastavam há dois anos”. 133 trabalhadoras ficaram no desemprego e não lhes foram já pagos os salários do mês passado.

Segundo o Jornal de Notícias, a 26 de março as trabalhadoras receberam a informação que ficariam no regime de lay-off durante todo o mês seguinte. Depois foram regressando. Só que em meados de julho houve um surto de covid-19 entre trabalhadores. Mais de 35 meteram baixa e o delegado de saúde aconselhou a empresa a dar férias ao pessoal. Foram assim mandadas para casa naquilo que classificaram como “férias forçadas” até 17 de agosto. Depois disso, começaram a receber as cartas de despedimento.

A empresa diz que tem falta de encomendas por parte do grupo Inditex, proprietário da cadeia de lojas Zara, o seu cliente exclusivo e que as novas regras de saúde como o “aumento de distância” entre trabalhadores e a “laboração em turnos desfasados” implicam "custos incomportáveis".

Ao Jornal de Notícias, as trabalhadoras contam uma história diferente: “tínhamos trabalho, tínhamos tecido. Não consigo perceber”, diz Carina Ferreira, mãe solteira com três filhos menores que trabalhava na fábrica há 19 anos. Diz que nem os papéis para requerer o subsídio de desemprego receberam. Agora, terão de esperar que seja o administrador de insolvência a dar-lhes estes papéis. Só que o designado está de férias.

As trabalhadoras dizem temer que "entretanto, tirem tudo da fábrica" e desconfiam do rol de bens da empresa do qual constam apenas cinco máquinas e uma carrinha. “Máquinas que estavam paradas há mais de dez anos”, asseguram. As dezenas de novas máquinas nem a carrinha de transporte das trabalhadoras constam. “Dizem que é tudo alugado!” declarou àquele jornal Carina Ferreira.

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