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Hospitais privados recusam grávidas com covid19

Há hospitais privados que se recusam a fazer partos programados a grávidas que testem positivo para a covid-19, encaminhando-as para hospitais públicos. Mulheres acusam os privados de não disponibilizarem essa informação às pacientes até ao final da gestação.
Fotografia de Raúl Hernández González/Flickr.

Alguns hospitais privados estão a transferir para o Serviço Nacional de Saúde as grávidas com partos programados que testem positivo à covid-19. Entre elas estão as Maternidades da CUF e do Hospital dos Lusíadas, mas também o Hospital da Luz, que só faz partos a mulheres infetadas na sua unidade de Lisboa.

A denúncia é feita na edição desta quinta-feira do jornal Público, que afirma também que a Entidade Reguladora da Saúde admite já ter recebido queixas sobre estas situações, estando ainda a analisá-las. 

Uma grávida ouvida pelo jornal afirma ter reagido com “choque” quando, às 37 semanas de gestação, foi informada pelo hospital de que seria transferida para o público caso tivesse um diagnóstico positivo. "Tenho pena de só ter essa informação após 37 semanas de gravidez”, disse. Nenhum dos hospitais disponibiliza qualquer informação sobre este assunto nos seus sites ou nas páginas dedicadas às novas regras criadas no âmbito da pandemia de covid-19, sendo as mulheres informadas após um acompanhamento de toda a gestação no serviço privado. 

Quer a CUF, quer os Lusíadas informaram o Público de que esta medida está em vigor porque não conseguem garantir “a máxima segurança para todas as grávidas” em caso de alguma ter um teste positivo. Por isso, transferem-nas para os hospitais e maternidades do SNS.

Parto em tempo de pandemia    

As associações pelos direitos das grávidas e parturientes, bem como organizações feministas, têm vindo a público contestar as alterações ao procedimentos no acompanhamento clínico na gravidez, parto e pós-parto.

As grávidas e parturientes continuam, em muitos hospitais portugueses, impedidas de ter acompanhante durante...

Posted by Associação Portuguesa pelos Direitos da Mulher na Gravidez e Parto on Wednesday, 9 September 2020

A Associação Portuguesa pelos Direitos da Mulher na Gravidez e Parto enviou recentemente um pedido de audiência à Direção-Geral da Saúde para obter uma clarificação das orientações, decorrentes devido à covid-19, mas até agora não recebeu qualquer resposta.

A associação denuncia o não cumprimento das normas da Organização Mundial de Saúde para os partos em tempos de pandemia de covid-19 por muitos hospitais portugueses. 

“Gostaríamos de saber se a DGS está a par da situação real, nomeadamente se as actuais políticas hospitalares estão alinhadas com as recomendações da Organização Mundial da Saúde (OMS) e pedidos das utentes, assim como o que está a ser feito ou se há planos para que se recomende que as instituições ajustem as suas políticas”, explicou a associação à Lusa no início do mês de setembro. 

A principal reclamação prende-se com o acompanhamento no parto. “Como sempre, Portugal peca por excesso. Os outros países europeus permitem acompanhantes no parto, aqui, apenas algumas mulheres têm e com restrições ainda”, afirmou a responsável, acrescentando ainda que na questão da separação da mãe e do recém-nascido, e da amamentação, “Portugal foi na direcção oposta” ao recomendado pela OMS.

“Incitamos a vossa instituição a reformular e clarificar a política de acompanhante durante o parto e quaisquer orientações que não sejam baseadas em evidência científica robusta, que apresentem divergências relativamente às recomendações da OMS, e que não tenham em consideração as repercussões negativas decorrentes da sua implementação no estabelecimento do vínculo entre a mãe e o seu recém-nascido, na amamentação e na saúde e bem-estar emocional de ambos”, apela a associação na missiva.

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