You are here
Homicídio de Bruno Candé teve motivação racial, acusa MP
“Vai para a tua terra, preto!”, “Tens toda a família na senzala e devias também lá estar”, “Fui à c*** da tua mãe e daquelas pretas todas! Eu violei lá a tua mãe”, “Anda cá que levas com a bengala, preto de merda”. Estas foram algumas das ofensas que Evaristo Martinho dirigiu a Bruno Candé nos dias antes de o assassinar em pleno dia, numa avenida de Moscavide. O Ministério Público de Loures deu como provada a ação com intenção de matar e considerou estas declarações para avançar com a acusação do crime de homicídio qualificado agravado por ódio racial.
No despacho de acusação a que o jornal Público teve acesso, o Ministério Público nota que o ex-militar da guerra colonial em Angola utilizou expressões nas quais se “referiu em concreto à cor da” pele de Bruno Candé.
O ator Bruno Candé foi assassinado a 25 de julho de 2020, durante o dia, na Avenida de Moscavide, em Lisboa. Segundo relatos de testemunhas, o homicida, Evaristo Martinho, discutia há três dias com o ator, tendo começado por criticar a presença da cadela que este passeava e terminando em insultos racistas. Uma das últimas ameaças terá sido “tenho armas do Ultramar em casa e vou-te matar ”. O homem, na altura com 76 anos, disparou vários tiros e acabou imobilizado por pessoas que assistiram ao homicídio em pleno dia.
Na reação ao ocorrido, a Polícia de Segurança Pública (PSP) tinha indicado que nenhuma das testemunhas relatou motivações racistas. Posteriormente, a Polícia Judiciária afirmou que as testemunhas ouvidas pela PSP tinham sido as que presenciaram o homicídio e não as que escutaram as ofensas nos dias anteriores. Já os familiares de Candé lembraram os antecedentes quanto aos insultos, que consideravam deixar “evidente o carácter premeditado e racista deste crime hediondo”.
Evaristo Martinho encontra-se em prisão preventiva por homicídio qualificado e posse de arma ilegal.
Add new comment