Galp paga mais de 300 mil euros a consultores investigados por corrupção

06 de February 2020 - 13:07

Raúl e Alejo Morodo são os principais visados da investigação por suspeitas de participação num esquema de corrupção que envolve a petrolífera venezuelana PDSVA. A mesma investigação revelou pagamentos dos visados a consultora de António Vitorino

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Galp paga mais de 300 mil euros a consultores investigados por corrupção
Foto de Manuel de Almeida/Lusa.

A Galp Energia terá pago quase 310 mil euros entre 2008 e 2013 a Raúl e Alejo Morodo, principais visados numa investigação a decorrer no Estado Espanhol sobre suspeitas de corrupção no comércio internacional. O Estado português ainda detém uma participação de 7% na Galp.

A notícia é dada hoje pelo jornal Público, que faz saber que envolvida no esquema está a PDSVA, petrolifera estatal venezuelana. O atual diretor-Geral da Organização Internacional para as Migrações e ex-ministro do PS, António Vitorino, é o elo de ligação entre os Morodo, a Galp e a petrolífera venezuelana.

De acordo com os documentos da investigação, aos quais o Público teve acesso, em 2009 e 2011 a firma Morodo Abogados cobrou à Galp Exploração e Produção mais de 254 mil euros por serviços prestados. Depois, em 2012 e 2013, recebeu diretamente da Galp Espanha 55 mil em dois pagamentos.

“A Galp recorre a consultores jurídicos para aconselhamento nas diversas geografias, setores e ordenamentos jurídicos em que desenvolve as suas atividades, trabalhando atualmente com mais de quatro dezenas de escritórios de advogados, nacionais e internacionais”, respondeu a empresa liderada por Carlos Gomes da Silva.

Nos últimos dias soube-se que os Morodo teriam recebido cerca de 4.4 milhões de euros da petrolífera estatal venezuelana PVDSA através de contas na Suíça. Na análise das contas das duas sociedades da família Morodo surgem pagamentos a António Vitorino, num total de 325 mil euros nos anos entre 2011 e 2016. Este valor corresponde a quase 30% das receitas da consultora.

Raúl Morodo é ex-embaixador de Espanha em Portugal nos anos de 1995 a 1999, e Alejo é seu filho, sendo este último genro de Dias Loureiro. A filha de Dias Loureiro surge referenciada na investigação espanhola e foi alvo de buscas.