You are here

Galp: Governo ainda não esclareceu se Estado vota contra distribuição de dividendos

A Assembleia Geral da empresa está marcada para 24 de abril, sexta-feira, e a administração quer distribuir aos acionistas 318 milhões de euros. Estado controla 7,48% do capital da Galp, através da Parpública.
Exige-se que “o governo dê instruções claras aos seus representantes para votarem contra a distribuição de dividendos”, afirmou Catarina Martins – Foto de Paulete Matos
Exige-se que “o governo dê instruções claras aos seus representantes para votarem contra a distribuição de dividendos”, afirmou Catarina Martins – Foto de Paulete Matos

536,9 milhões de lucros e 580,5 milhões de dividendos

A Assembleia Geral da Galp continua marcada para o dia 24 de abril, devendo realizar-se por videoconferência, segundo o Público.

Para essa assembleia, a administração presidida por Carlos Gomes da Silva, propõe distribuir aos acionistas 318 milhões (318.224.931,18) euros, correspondentes a 0,38375 euros por ação1. Em setembro de 2019, a Galp pagou aos acionistas 262 milhões (262.250.513,32) euros, correspondentes a 0,31625 euros por ação. A administração pretende assim distribuir aos acionistas um total de 580,5 milhões (580.475.444,50) euros correspondentes a 0,70 por ação.

Porém, segundo o seu Conselho de Administração, a GALP teve em 2019 um resultado líquido de 536,9 milhões (536.914.812,63) de euros. Assim, a administração quer entregar aos acionistas, relativamente a 2019, 580,5 milhões de euros de lucros, mas a empresa obteve 536,9 milhões de lucros. Ou seja, a administração pretende entregar aos acionistas mais 43,5 milhões de euros do que os lucros que a empresa obteve. E, propõe isto num ano de pandemia e quando o país atravessa uma dura crise económica.

Perante esta situação, ganha mais força a interrogação sobre o que fará o Governo?

Vai o Estado votar contra a proposta de distribuição de dividendos da Galp?

Na Assembleia Geral da Galp, o Estado português também vota, uma vez que a Parpública, a empresa que gere as participações públicas do Estado português, detém 7,48% da empresa.

Os principais acionistas da Galp, com participação superior a 2%) são2:

Amorim Energia com 33,34%; Parpública - Participações Públicas 7,48%; BlackRock 4,998%; The Capital Group Companies 2,30% (empresa gestora de investimentos dos EUA); Capital Research and Management Company (subsidiária da anterior) 2,02%; T. Rowe Price Group 2,10% (empresa gestora de investimentos, Estados Unidos); Massachusetts Financial Services Company 2,06% (também gestora de investimentos dos EUA); The Bank of New York Mellon Corporation 2,04% (empresa de serviços bancários e financeiros, com sede em Nova York).

Segundo a mesma fonte, a Amorim Energia tem sede na Holanda e tem como acionistas a Power, Oil & Gas Investments BV (com 35% do capital), a Amorim Investimentos Energéticos SGPS S.A. (20%) (ambas controladas pela família Amorim) e a Esperaza Holding BV (45%), que é controlada, segundo o site da GALP, pela Sonangol, a empresa estatal angolana do setor petrolífero.

Bloco já apelou a que o Estado vote contra

Como é conhecido, o Bloco de Esquerda está contra o pagamento de dividendos este ano, perante a pandemia e a crise económica, mas a proposta de proibição foi chumbada pelo PS e pela direita. (ver notícia no esquerda.net)

Catarina Martins lembrou em País Ligado no esquerda.net que a Galp “que este mês já despediu mais de 80 trabalhadores precários, só em Sines” e defendeu que se exige que “o governo dê instruções claras aos seus representantes para votarem contra a distribuição de dividendos. E, já agora, que defendam a reintegração dos trabalhadores precários despedidos”.


Notas:

Termos relacionados Política
(...)