Football Leaks: Ronaldo e Mourinho suspeitos de fuga aos impostos

03 de December 2016 - 11:27

Novo caso de fuga aos impostos recorrendo a empresas "offshore" exposto pelo consórcio europeu de investigação, que inclui semanário Expresso.

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Cristiano Ronaldo no lançamento de um perfume com o seu nome, em setembro, em Madrid.
Cristiano Ronaldo no lançamento de um perfume com o seu nome, em setembro, em Madrid. Foto de Angel Diaz/EPA/Lusa.

No futebol, os casos mais recentes de fuga aos impostos recorrendo a esquemas de empresas offshore foram os dos jogadores internacionais do Barcelona Lionel Messi e Neymar Jr. Agora, o semanário Expresso revela o Football Leaks, uma nova investigação do consórcio europeu de investigação que indica que Cristiano Ronaldo e José Mourinho podem estar envolvidos num caso de evasão fiscal.

O consórcio inclui 12 jornais europeus que analisaram 18,6 milhões de documentos sobre este sofisticado esquema de fuga aos impostos, que, ao que tudo indica, foi concebido pelo influente agente desportivo e empresário português Jorge Mendes.

Segundo o estudo, Cristiano Ronaldo recebeu 149.8 milhões de euros de direitos de imagem, dos quais declarou 22.7. O dinheiro terá sido transferido para empresas fantasmas sediadas nas Ilhas Virgens  Britânicas, na Irlanda ou no Caribe, desde 2009. O fisco espanhol já abriu uma investigação a este caso.

José Mourinho, por sua vez, terá enviado para estas empresas 12 milhões de euros de ganhos publicitários. A empresa de Jorge Mendes, a Gestifute, ao ser confrontada com esta investigação, emitiu um comunicado em que garante que tanto Ronaldo como Mourinho têm as suas declarações fiscais em dia e que qualquer acusação em sentido contrário será alvo de um processo judicial.

O esquema utilizado

Segundo o consórcio internacional de jornalistas, o esquema utilizado por Cristiano Ronaldo foi o seguinte: em 2009, entregou os seus direitos de imagem à Tollin, uma empresa sediada nas Ilhas Virgens Britânicas, que os passa às empresas Multisports & Image Management (MIM) e Polaris Sports, ambas com sede na Irlanda. A segunda é gerida por um sobrinho de Jorge Mendes. Estas duas empresas assinam, em representação do internacional português, contratos com grandes patrocinadores, que, por sua vez, lhes pagam diretamente. A MIM e a Polaris voltam a transferir as receitas, excetuando as comissões, para a Tollin, onde ficam depositadas. No final do ano de 2014, a Tollin transfere os milhões de euros de volta para Cristiano Ronaldo.